sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O Corinthians não tem Libertadores. E daí?

Uma das vantagens de ser um jornalista desempregado – além de poder fazer cocô a qualquer hora – é poder escrever os textos depois de alguma digestão dos fatos. Por exemplo, já faz dois dias que o Inter ganhou a Libertadores, e só agora vou falar sobre este campeonato.

É que parecia que estava tudo desenhado para que esta Libertadores fosse do Corinthians. Seria uma redenção perfeita: no ano de seu centenário, o Corinthians conquistaria o título que lhe falta. A Libertadores parece tão intangível ao Corinthians a ponto desse time ter vencido o Mundial sem ter levado a Libertadores. É como alguém que casa com uma pessoa sem nunca tê-la namorado! Ou um sujeito que chega à seleção do país sem ter chegado à titularidade na própria equipe. Ou um relógio que chega na meia-noite sem passar pelas dez.

Mas o Flamengo eliminou o Corinthians, e na quarta-feira o Inter foi campeão.

Perambulam pelas ruas muitas chacotas aos corintianos. Dizem que até o Celso Roth é campeão da Libertadores, mas o Corinthians, não. Que o Corinthians só vai ganhar a Libertadores no mesmo dia em que construir o próprio estádio. Enfim, hoje o que mais atormenta o torcedor corintiano são essas duas coisas: não ter Libertadores nem estádio.

Mas isto não é uma particularidade alvinegra. Fiz dois conjuntos: um dos que não têm estádio e outro dos que não têm Libertadores. No meio, a interseção: os que não têm Libertadores, nem estádio, como é o caso do Corinthians.

Vejamos:


Em minha modesta e questionável opinião, este complexo corintiano se deve ao torcedor são-paulino, que tanto exalta seu estádio e suas Libertadores. Mas o corintiano precisa entender que não se mede grandeza de time por sala de troféus ou por grandeza do estádio. Da mesma forma que o corintiano gostaria de um estádio como o Morumbi e de uma taça como a Libertadores, o são-paulino gostaria de uma torcida que prescindisse de tamanhas posses para ser tão apaixonada.

PS1¹- Aqui cabem algumas ressalvas. Dirão que o Botafogo tem um estádio, mas se o General Severiano pode ser considerado um estádio, a Fazendinha também pode. Por isso, adotei o critério de que clube sem estádio é aquele que não tem um estádio nas proporções de suas tradições. Daí a Portuguesa Santista ter um estádio – o Ulrico é tão pequeno quanto a Fazendinha e o de General Severiano, mas está à altura da tradição da Briosa.

PS² - Muita gente também acha que o Fonte Nova pertence ao Bahia, mas ele pertence ao Governo Estadual da Bahia da mesma forma que o Pacaembu pertence à Prefeitura de São Paulo.

5 comentários:

Sândor disse...

Sempre um ótimo texto! Mas que é engraçado o Roth ter uma Libertadores e os Gambás não, ah, isto é!
Abraço!

Paulo disse...

excelente gráfico, mas não podemos considerar o botafogo como dono do engenhão?

Thiago disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Thiago disse...

Esse estádio, se não me engano, é o Canindé. Não ?

Anônimo disse...

6 de abril de 2017... que delícia de texto!!!

Vai Corinthians!!!