terça-feira, 26 de janeiro de 2010

7 - Pontos corridos x Mata-mata – As opiniões dos leitores


No mês passado, começou aqui neste blog uma disputa ferrenha dos pontos corridos contra o mata-mata. Qual sistema de disputa é o melhor?

A discussão até aqui tem sido muito profícua, e não houve quem apelasse na argumentação. Ocorre, porém, que se alguém quiser chegar a uma conclusão a partir deste embate, terá muito trabalho.

Ao todo, foram quatro depoimentos: dois a favor dos pontos corridos, dois a favor do mata-mata. É mole? Rincón fez um a zero para os pontos corridos, sob a argumentação de que time que está ganhando não se mexe. Depois, Candinho, o técnico, não se contentou em empatar, e virou o jogo para os mata-matenses. Ele diz que não há emoção que se compare a uma final, e que os times desinteressados no começo e no final da competição cortam o principal argumento dos pontos corridos – a justiça.

Agora, pois, é a vez dos leitores. Thiago Ciaciare, o leitor que aqui primeiro comentou que me perdoe, mas tenho que começar com a pessoa que comentou por último. Sei que é injusto, mas o último comentário é de meu pai! E ele merece todas as homenagens neste espaço, porque se ele não existisse, eu não gostaria tanto de futebol e jamais pensaria em criar um blog sobre o tema. Fora que eu não saberia escrever, não teria olhos para assistir a uma partida, não torceria pelo Palmeiras... E pensando melhor, eu sequer existiria!

Vamos à opinião dele, o Francisco, expressa em um dos comentários deste blog.

“Sou Mata-matense de carteirinha.

O sabor de uma final, onde TODAS as torcidas ficam ligadas em um único jogo, é incomparável em relação à frieza dos pontos corridos.

Nos pontos corridos não conta o improvável de uma zebra aos 45 do 2º tempo, com um gol de canela do centroavante do time que tomou sufoco durante 90 minutos, mas não soube marcar.

Pela volta dos mata-matas!”

Pois Francisco se emociona deveras em uma final. Posso dizer que sou grande testemunha disso, pois não me lembro de acompanhar uma final de meu time sem que ele estivesse por perto. E ele se emociona, mesmo tendo outros problemas a resolver em sua vida cotidiana. Eis, até, outro ponto do mata-mata. Este é um sistema que envolve até quem não se preocupa tanto com futebol – não que meu pai não se preocupe! E é assim, porque um esporte que não emociona não tem razão de existir, que o mata-mata alarga o placar e faz o terceiro gol dos mata-matenses. Agora, temos Pontos Corridos 1 x 3 Mata-matas.

Porém, posso dizer que já vi Francisco roer as unhas em vários jogos dos pontos corridos. Olhe que nem última rodada era! E o imponderável, que ele representou pelo gol de canela do centroavante do time que tomou o sufoco, também pode acontecer nos pontos corridos. Imagine se o Grêmio empata contra o Flamengo no Maracanã? Ou se, no ano retrasado, o Goiás arrancasse um empate do São Paulo? Teve ainda o embate de 2004, quando o Atlético Paranaense, em vias de ser campeão, perdeu para o Vasco, medíocre à época, e entregou o título para o Santos.

Thiago, um comentador assíduo deste espaço, adota uma linha contrária a de Francisco. Ele é um pontocorridense roxo. E tem bons argumentos para isso:

“CLARO que eu apóio os pontos corridos.

Num país bagunçado, improvisado e - que coisa - orgulhoso de tudo isso, é melhor que se comece dar ao povo bons exemplos de MERITOCRACIA. Como tem muito mais gente que se presta a entender isso através do futebol do que de, sei lá, ADMINISTRAÇÃO EMPRESARIAL, tá aí.

Assim, traçando um panorama entre os piores problemas do País e o aprendizado da cidadania através do BALÍPODO, sugeriria até a criação de um novo critério de desempate no Brasileirão, o ISA, ou índice de sujeira atirada: a torcida que atirasse menos sujeira nos estádios daria ao seu time a vantagem do empate (e, à sua cidade, o alívio das enchentes) !!!”


Ele tocou em um ponto importante. O de que no Brasil não estamos acostumados a glorificar aquele que trabalha e é constante, como o que é idealizado na meritocracia. Ponto, ou melhor, gol legítimo e bem feito para os pontocorridenses. Pontos Corridos 2 x 3 Mata-mata. Mas aqui eu pergunto, sem querer provocar. Thiago e todos os pontocorridenses de meu Brasil: se no Brasil não gostamos da meritocracia, o futebol, nosso principal esporte, não deveria representar justamente isso? Porque futebol é uma das representações mais claras de uma cultura. Mas isto é só uma pergunta, portanto não vale o gol!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

6 – Paulo César, o coitado

Inspirado na coluna de José Roberto Malia. Menos no que diz respeito às ironias. Porque inoria é para os inteligentes, não é mesmo?

O maior mal da imprensa esportiva é a falta de assunto. Não importa que no Brasil tenhamos 14 times grandes, e o mesmo tanto de times médios. Chega o começo de Janeiro, quando não tem ninguém contratando ninguém, ou a sexta-feira em que ninguém joga contra ninguém, e, mesmo assim, é preciso ter o que falar.

Porque todos os jornais têm a parte esportiva. Os canais de televisão também têm os programas esportivos. Sem falar dos canais de TV e dos jornais que têm o esporte como assunto único. Preencher todos esses espaços torna-se um desafio comparável ao de Maomé!

Houve uma vez em que um futebolista foi reclamar a um comentarista, que havia sido injusto e imponderado em suas colocações. O comentarista respondeu o seguinte:

- Eu compreendo o que você está falando e concordo com tudo. Mas se eu não falasse de você, falaria do quê?

O futebolista em questão nunca mais reclamou da imprensa. Mas também nunca mais comprou um jornal.


A maior vítima dessa falta de assunto é o juiz. Quando ele acerta a marcação, não há o que falar, pois ele acertou. Quando ele erra, aí, sim, os jornalistas agradecem a Deus – ou ao diabo -, pois agora têm assunto.

Ontem, Paulo César de Oliveira errou ao validar o gol do Barueri contra o Palmeiras. Tadeu, que cobrou o pênalti na trave e depois recebeu o rebote para enfim marcar o gol, estava impedido. Mas era um lance rápido, e Paulo César simplesmente não viu.

Se o assunto acabasse onde tivesse que terminar, o juiz não seria tão execrado, mas os jornais esportivos amanheceriam vazios.

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Por que os erros dos jogadores são desculpados por estarem no início da temporada, e os dos juízes, não?

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Tem jornalista que não se cansa de pedir a arbitragem eletrônica no futebol. Se isso acontecesse, e os juízes não mais errassem, sobre o que eles falariam depois dos jogos?!

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Não sei se você sabe, mas quando eu era criança, entrei em campo com o time do Palmeiras, no Palestra. Fiquei esperando os jogadores num túnel, por onde também passaria o árbitro. Comigo estavam mais de cem crianças esperando por Rivaldo, Djalminha, Luizão, Velloso, Cléber, Galeano e outros craques – quem disse que Galeano e Cléber não são craques? Mas antes, quem apareceu foi Paulo César de Oliveira, o juiz.

As crianças todas, mal viram aquele homem vestido de preto, começaram a xingá-lo com palavrões que, à época, eu até desconhecia! Alguns eram até racistas. E o pior: havia meninos negros execrando a cor de Paulo César. Isso antes do jogo começar, com possibilidade iguais de favorecimento ao Palmeiras ou ao Rio Branco de Americana, que era o adversário daquela noite.

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Paulo César de Oliveira é o juiz mais talentoso da geração dele. Costuma-se dizer que talento é quando Deus abençoa alguém com uma aptidão. Talento para arbitragem, porém, não é uma benção. É um castigo!

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Digamos a verdade: o Palmeiras foi beneficiado pelo erro de Paulo César. É só observar quantas pessoas estão comentando o péssimo futebol do time em Presidente Prudente.

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O Barueri em Presidente Prudente é o Bebeto no Vasco, O Viola no Palmeiras, o Ronaldinho no Real Madri, o Edmundo no Corinthians – e no Flamengo -, o Evair no São Paulo... Por que jogador pode ser mercenário, e time não?

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Há seis meses no espantamos ao ver Belluzzo nervoso como um torcedor ao reclamar do Simon. Hoje, o espanto seria ao ver Belluzzo calmo como um professor.

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O novo mantra do Palmeiras: “Obina não tinha a menor vaidade. Obina é que era atacante de verdade!”

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

5 - Por que Manuel era chamado de Garrincha

Manuel dos Santos nasceu em Pau Grande, filho de Amaro Francisco dos Santos e Maria Carolina dos Santos. Mas foi a irmã Rosa quem notou a parecença do menino com um passarinho, a Garrincha, ou a cambaxirra, de nome científico Troglodytes musculus.

Engraçado é que quando ele saiu de Pau Grande contratado pelo Botafogo, a imprensa carioca custou a concordar com este apelido. Chamaram-lhe Gualhixo, Garricha (sem o N), até uma matéria definitiva em O Globo com a manchete: “Meu nome é Manuel e meu apelido é Garrincha”.

Pensando melhor, se Garrincha é feio, Gualhixo e Garricha são piores ainda! Ou, como sempre diz a minha mãe, não é o nome que faz a pessoa, é a pessoa que faz o nome.

Fonte: Estrela Solitária – um brasileiro chamado Garrincha, de Ruy Castro

4 - O preço de Garrincha

Se o Palmeiras quisesse ficar com o atacante Obina no final de 2009, teria que pagar quatro milhões de reais ao Flamengo. O Corinthians pagou quatro milhões de dólares para ter De Federico. O Manchester pagou vinte e seis milhões de euros ao Leeds para ter Rio Ferdinand. E o Botafogo? Quanto será que pagou para ter Garrincha?

Em 1953, o Botafogo pagou ao Pau Grande FC vinte e sete dólares. Ou, na nossa moeda da época, quinhentos cruzeiros.

Tudo bem que houve uma grande inflação de lá para cá mas era um preço era absurdamente barato. Didi chegou a custar 30 mil cruzeiros. Mas é um exercício interessante, se compararmos com os preços dos craques de hoje.

Aplicando a conta de que o dólar em 1953 valia dez vezes mais do que hoje, com o que Real Madri pagou por Cristiano Ronaldo daria para comprar quinhentos e vinte e dois mil Garrinchas! O Buffon, que tanto seria ridicularizado pelo Mané em um lance frente a frente, vale duzentos e sessenta mil Garrinchas. Está certo que o Botafogo fixou o passe de Garrincha a 15 milhões de cruzeiros, o que representaria 60 mil dólares, mas, para alguém com a categoria do nosso Mané de pernas tortas, convenhamos, é um preço baixo, mesmo se levando em consideração as proporções da época.

Mas podemos falar também do salário de Garrincha. Em 1956, ele ganhava 1600 cruzeiros, o que representava 160 dólares. Hoje, esses 160 dólares equivaleriam a 1600. É o quanto Cristiano Ronaldo ganha em 41 minutos. Isso mesmo. O que Garrincha demorava um mês para receber, Cristiano Ronaldo ganha em 41 minutos. Ou o que Thierry Henry demora 82 minutos. Ou o que o penta campeão Marcos demora dez horas para receber.

Fonte: Estrela Solitária – um brasileiro chamado Garrincha, de Ruy Castro

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

3 - Qual seria o time de Napoleão Bonaparte?

Se Napoleão nascesse cerca de 150 anos depois, quem sabe ele não torceria por um bom time e sossegaria o facho? Ele sanaria todo desejo de invadir a África com uma vitória fora de casa. Ao invés de mandar os portugueses para correr, se contentaria com uma vitória da França de Henry contra Cristiano Ronaldo numa semi-final de Copa do Mundo. Não precisaria ser o imperador da França. Bastaria ser o presidente do clube do coração.

Mas Napoleão, coitado, nasceu em 1769, época em que o futebol era alguma coisa selvagem disputada apenas na Inglaterra.

Depois da Revolução Francesa, ocorrida em 1789, a França se encontrava em estado semelhante ao caos. Ninguém e nenhum país – até a França! – passa intacto por uma revolução. A burguesia não se conformava com os jacobinos, uma classe revolucionária e, convenhamos, que deveria feder a valer, pois, se os franceses comuns já costumam ser fedidos, imagine os franceses revolucionários? As outras monarquias européias morriam de medo que esses ideais revolucionários cruzassem a fronteira. Também pudera. Se copiam o bidê, o salto alto e até o corte Chanel da França, por que não plagiariam movimentos que promoviam maior igualdade social?!

Napoleão aproveitou-se desta balbúrdia em que a França se encontrava, e com o golpe de 18 de Brumário acalmou todo aquele país. Porém, ele ganhou tanta força, que acabou conseguindo o que os franceses tanto lutaram para extinguir: a volta da monarquia, mas desta vez ele seria o rei. Foi neste período que Napoleão liderou a França para conquistar o maior tamanho de sua história. Se hoje você olha para o mapa da Europa e encontra com dificuldade aquele país entre a Espanha, a França, a Itália, Suíça e Bélgica; em 1812 quase toda a Europa Ocidental e parte substancial da Oriental faziam parte do território Francês. Quase 50 milhões de pessoas. Você imagina quantos croissants eram feitos diariamente?

Foi este crescimento que levou a França a entrar em colisão com a Inglaterra. Napoleão ordenou que nenhum país europeu – eu disse nenhum! – poderia negociar com os ingleses. Ora, justo a Inglaterra?! Aquele país com indústria tão avançada! Os países começaram a sentir falta de máquinas, produtos têxteis e outros avanços industriais, que só a Inglaterra produzia. Para se ter uma ideia, imagine como você se sentiria se o Brasil não mais pudesse negociar com a China. Seria ruim, não seria? Todos os mini-games, cd´s e dvd´s piratas, eletrônicos baratos e outras coisas com que você se acostumou, de repente fora do mercado. E no lugar delas você só pudesse comprar artigos de luxo, que são talvez menos funcionais e muito mais caros. Então.

Portugal não conseguiu se livrar dos comércios com a Inglaterra. Eu também não conseguiria. Napoleão soube disso, e colocou seu exército para invadir Portugal. Para não ser encurralada no próprio território e obrigada a abdicar do trono, a família real portuguesa veio para o Brasil assim que soube dos planos de Napoleão. Isso, no final, acabou ajudando o Brasil a se tornar independente.

Depois disso, Napoleão tentaria invadir a Rússia depois de ela quebrar também o bloqueio continental. Os russos jogaram na retranca. Foram queimando, literalmente, todas as cidades em que a tropa de Napoleão passaria. Os franceses encontravam cinzas onde esperavam batalha. Além de não sanar a fome de sangue, a fome de comida passou a ser real, e não sobrou resultado a Napoleão que não uma derrota acachapante. Aquele exército que parecia invencível foi derrotado sem confronto direto.

Depois Napoleão ainda tentou voltar ao poder, mas foi derrotado, como você deve saber, em Waterloo.

Desculpe se falei tanto assim da França e menos de Napoleão, mas a história da França tem muito a ver com a própria de Napoleão. Se a França era pretensiosa daquele jeito era porque era coordenada por um homem pretensioso como Napoleão. O contrário também vale. Se Napoleão era pretensioso daquele jeito era porque nasceu em um país pretensioso como a França. Napoleão era tão cheio de si, que uma vez tentou se matar e tomou trinta e sete vezes mais arsênico do que o recomendável. Ele achava que a dose letal para um homem comum não traria nenhum dano a alguém como ele.

Ele inventou o salto alto. Tinha um metro e sessenta e sete, o que não chegava a ser uma altura desprezível – é maior que a de Romário. Mas é complicado mandar num homem maior. Ele também gostava de coroas. Em sua coroação, que teve a presença ilustre do Papa Pio XVII, ele tirou a coroa de Pio para coroar a si mesmo.

Enfim. Vamos escolher o time dele?

Sei que um português que se preze tem arrepios ao ouvir falar no nome da Napoleão. Mas posso apostar que ele, pelo contrário, sentiria até certo prazer ao tocar em qualquer assunto relativo a Portugal. Afinal, quem não se envaideceria por saber que foi a causa da fuga de um rei? Por isso não se espante com três opções de times de origem portuguesa. Meu pai, mesmo, torce para o Palmeiras, dos italianos, sendo um português de sangue.

O leitor poderá escolher entre Portuguesa, Vasco, Portuguesa Santista e Bahia.


Ele torceria pela Portuguesa?



Muita gente pensa que Napoleão jamais torceria pela Portuguesa porque a Lusa é um time menor do que os outros. Mas este seria o grande trunfo de Napoleão. Sendo a Portuguesa a queridinha, não seria difícil de convencer o Brasil inteiro a escolhê-la como o time principal. Napoleão usaria a simpatia prévia que todos nós temos, para potencializá-la e passar a uma paixão arrebatadora. Depois de alguns anos de Napoleão no comando da Portuguesa, ela ostentaria o título de “a mais querida do Brasil”.


Ele torceria pelo Vasco?



A arrogância de Napoleão talvez fosse o maior obstáculo para adotar um time que tenha o nome de outro personagem da história. Mas quem disse que os arrogantes não são humildes no futebol? O Vasco seria a exceção obsessiva de Napoleão. Ele diria sempre que é o maior, para fazer uma ressalva logo em seguida: - “Depois de Vasco, aquele grande conquistador”.


Ele torceria pelo Bahia?



Pouca gente repara, mas as cores do Bahia coincidem com as da França. Napoleão olharia um catálogo de distintivos dos clubes brasileiros e se encantaria por aquele campeão brasileiro de 88. O único problema é que chamaria todas as semanas o atacante Bobô para tomar um vinho francês legítimo. Ou não seria o Bobô que receberia Napoleão para comer acarajé?


Ele torceria pela Portuguesa Santista?



Napoleão talvez não se interessasse por um time já grande, com inúmeros craques em sua história. Para ele ser relevante, somente pegando um time em que todos não vêem nada além de um destino fadado à falência. Napoleão torceria pela briosa e a faria campeã continental. Todos saberiam quem seria o verdadeiro responsável pelo título, e os programas esportivos não hesitariam em ditar o time santista assim: -“É Napoleão mais dez!”.

Escolha o time de Napoleão. Na semana que vem, teremos o resultado.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

2 - Lugar de juiz e bandeirinha

Texto originalmente publicado na edição #13 da revista Invicto

Foi Léo Feldman o juiz que apontou para o centro do campo quando Renato Gaúcho deu a barrigada para o gol no ano de 1995. Em 2001, foi ele também quem autorizou a cobrança para Petkovic garantir o tri carioca do Flamengo aos 43 minutos do segundo tempo. Feldman foi um juiz conceituado em sua época. Dessa mesma boca acostumada a assoprar o apito para plateias aos milhares, saiu, em 2009, a seguinte história.

Havia um jogo importante a ser feito em uma capital do nordeste. Os bandeirinhas, coitados, jamais haviam visitado a cidade e pediram com muito tato, se possível, e caso não atrapalhasse, para visitá-la dois dias antes. Feldman consentiu, pois, embora não pareça, bandeirinhas são seres que gostam de aproveitar certos prazeres. Léo pegou o avião um dia depois e, recém-chegado ao aeroporto, quis logo saber onde os colegas estavam. O espanto dele foi grande ao ser informado que não estavam em um restaurante, ou no próprio hotel. Era, desculpe, em um bordel, que eles se encontravam.

A fúria de Feldman atemorizaria até o mais másculo homem. Ele tratou de encontrar os auxiliares o quanto antes e os repreendeu com a maior ferocidade de que era capaz, ensinando que aquilo não era lugar de bandeirinha antes de jogo importante. Os dois ficaram acuados, e, no dia seguinte, com a bandeira entre as pernas, foram para o jogo e atuaram perfeitamente.

Encerrada a partida, ainda cabisbaixos, ouviram de Léo a seguinte proposta: “Sabe aquelas mulheres que os acompanhavam na noite de ontem? Liguem para elas e perguntem se tem lugar para mais um, que eu quero me divertir também!” Assustados, perguntaram o motivo de tamanha reviravolta em seu humor.
Ele calmamente explicou o que deveria já ser de conhecimento deles, tão básica é a informação: “Não é que juiz e auxiliares não possam ir à zona. Eles podem...Mas depois do jogo!”

1 - O juiz que encurralou o repórter

Texto originalmente publicado na edição #13 da revista Invicto

No ano de 1993, o Grêmio recebeu o Santos no estádio Olímpico, em partida do Campeonato Brasileiro. Não era uma partida qualquer – se é que um clássico entre estas equipes possa ser uma partida qualquer. Tratava-se da estreia do lateral Branco no Olímpico. Tudo bem que àquela época ele ainda não tinha marcado aquele gol contra a Holanda nas quartas de final da Copa do Mundo, mas mesmo que não fosse um jogador irretocável, os atletas de longas madeixas sempre fizeram sucesso na terra de Fernandão, Falcão, Ronaldinho, Renato, Alcindo e Batista.

O árbitro escolhido para a partida foi Léo Feldman.

Mas juiz não tem vida tranquila. Se tivesse, não seria juiz e não se vestiria de preto. Aconteceu de ter um pênalti indiscutível contra o Grêmio, e Feldman, claro, marcou sem pestanejar. Darci converteu o pênalti e assim se encerrou a partida: 1 X 0 para o Santos. É claro que os torcedores gremistas ficaram furiosos.

E a reação deles não ficou somente nas reclamações. Assim que o juiz e os bandeirinhas entraram no vestiário, não conseguiram mais sair, tamanha a revolta local. Um repórter, contente pela notícia, informou a plenos pulmões o que estava acontecendo, não sem certo sadismo: “O juiz e os auxiliares não conseguem sair do vestiário porque a torcida gremista não deixa”.

Léo ouviu e teve uma grande ideia. Ele cercou o repórter e lhe avisou: “Você só sai daqui com a gente”. Mas deu a solução: “Trate de informar que eu e os bandeiras já saímos e estamos bem”. Ao repórter, acuado, não restou opção. Ele informou o que Feldman queria e o efeito foi instantâneo: a massa azul dispersou. Aí, sim, puderam todos ir embora tranquilamente.

11 - O juiz vaidoso

Texto originalmente publicado na edição #13 da revista Invicto

A história a seguir é contada por Vagner Tardelli. E o leitor que espera um causo com gel ou brilhantina no meio, muito se engana, porque tudo aconteceu com Antônio Buaiz.

Buaiz apitava um jogo no Espírito Santo e não esperava que a leve chuva do começo da partida pudesse engrossar e tomar as proporções de uma tempestade. Ele começou a se preocupar com a qualidade do gramado e com a ausência de delicadeza dos jogadores que se aproveitam do piso escorregadio para executar jogadas de maior violência. Mas aos 40 minutos do segundo tempo esses problemas tornaram-se apenas secundários.

O capitão de uma das equipes lhe avisou que o bandeirinha certamente tinha sido atingido, já que estava com a face abundantemente avermelhada. Buaiz conferiu e, sobressaltado, chamou apressadamente um médico de uma das equipes para prestar os primeiros socorros.

Para a surpresa de todos, porém, o auxiliar não se queixava de dores. Pelo contrário, podia-se dizer que estava plenamente saudável. Ele estava era admirado por tamanha preocupação do médico e dos jogadores, que eram incapazes de olhar-lhe no rosto sem fazer careta ou comentar alguma coisa com os companheiros. De fato, o médico constatou que nada havia. Ao tocar-lhe a face, percebeu que aquilo não se tratava de uma lesão – era apenas tinta.

O auxiliar havia tingido o cabelo pouco antes da partida e a chuva surpreendeu a artimanha. A tinta não só saiu do cabelo, como se espalhou pelo rosto do bandeirinha, dando o falso efeito de ferimento. Já com a face limpa, o bandeirinha continuou com a cara vermelha – desta vez, ruborizava-se apenas por vergonha, como todo homem que tem sua vaidade pega em flagrante.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

10 - Horóscopo dos futebolistas - Capricornianos



Agora, o time dos capricornianos.

Este é, talvez, o time mais homogêneo de todos os signos. O leitor perspicaz reparará que o pertencente a este signo tem uma clara aptidão ao gol e à posição de volante. Até os atacantes capricornianos poderiam ser volantes, em alguns casos.

O capricorniano é aquele que não faz nada à toa ou gratuitamente. Está sempre pensando no que suas ações podem lhe trazer no futuro. Então não é raro encontrarmos um craque que assina com um time para jogar em outro no futuro, ou que dá uma declaração polêmica para se aproveitar da confusão. Aliás, até no estilo de jogo, o capricorniano é assim. Quando todos pensam que ele errou ao cobrar a falta forte na barreira, ele queria, na verdade, assustar os zagueiros do escudo humano, para ter sua tarefa facilitada no próximo lance.

Por isso, o capricorniano também pode ser muito paciente. Ele é ciente de todas suas capacidades, e sabe que um dia seu esforço será premiado com um contrato melhor. Ele também sabe que um gol levado no início não é de nada. Quando ele entra bem no campo, sabe que é para vencer, nem que comece perdendo de um, dois, até três a zero!

Este temperamento leva muita gente a achar que o capricorniano é frio, e se desinteressa pela opinião alheia. Mas quer agradá-lo? Elogie. Ele despistará, mudará de assunto, mas no íntimo arderá de felicidade pelo brilho reconhecido.

Vamos ao time capricorniano.

Só temos um grande técnico deste signo, e não poderia ser outro, senão Alex Ferguson. Eu não disse que eles são pacientes? Quando começou no Manchester, Ferguson demorou anos até conquistar o primeiro título. E ele passava todo esse tempo de bom humor, pois sabia de sua capacidade. Aí está: o técnico mais duradouro do futebol mundial.

Para o gol, temos muitas opções. Rodolfo Rodríguez, Waldir Peres, Félix, Gilmar Rinaldi, Zetti, Bruno e Carini. Eliminemos, sem muitas explicações, Bruno e Carini. Carini porque não é tão bom, e Bruno porque, além de não ser de primeira linha, comemora as defesas. Waldir Peres perde a posição por ser careca, e Félix porque esta seleção não é tão boa quanto a de 70, que poderia se dar ao luxo de um fraco no gol. Zetti também não, porque não representa o capricorniano com afinco, já que, impaciente, trocou de clubes ao longo da carreira. Ficamos entre Rodolfo Rodríguez e Gilmar Rinaldi. E ganha Rodolfo, porque Gilmar é empresário, e isto causaria um severo conflito de interesses.

Na lateral direita, Correa tem a vaga. Ele faz biquinho no começo, mas depois percebe que não poderia com um meio campo de Pierre e Gattuso. Maldonado e Richarlyson são deslocados para a zaga, e até gostam da nova posição. Athirson é o lateral esquerdo, e todos ficam desconfiados, porque ele não protege a zaga tão bem, e não compensa esta deficiência com um belo apoio no ataque. Problemão.

Pierre e Gattuso são jogadores praticamente iguais. Não fosse a cabeçorra de Gattuso, os dois seriam idênticos no campo. Mas eles foram escolhidos para que zaga não ficasse tão desguarnecida. Esta seria uma dupla de volantes que não passaria do meio campo, e não teria a menor vergonha disso!

O resto é alegria e poesia. Gérson, Rivelino, Bernd Schuster e Reinaldo. Ferguson não sabe nem em que lado cada um desses jogadores ficará, já que prefere se preocupar, com razão, apenas com a defesa.

Haverá muita indignação por alguns dos jogadores não relacionados. Viola e Serginho Chulapa estão fora para não tumultuar a harmonia do grupo. E Alan Kardec não joga porque Ferguson não acredita no espiritismo.

Então temos a seguinte escalação:

Técnico - Alexander Chapman Ferguson 31/12/1941

1 - Rodolfo Rodríguez 20/01/1956
2 - Correa 29/12/1980
3 - Maldonado 3/1/1982
4 - Richarlyson 27/12/1982
6 - Athirson 16/01/1977
5 - Pierre 19/01/1982
8 - Gattuso 9/1/1978
10 - Gérson 11/01/1941
7 - Rivellino 1/1/1946
11 - Bernd Schuster 22/12/1959
9 - Reinaldo 11/01/1957

Banco de reservas:
Waldir Peres 2/01/1951
Félix 24/12/1937
Jairzinho 25/12/1944
Escurinho 18/01/1950
Fio Maravilha 19/01/1945
Tinga 13/01/1978
Washington 3/01/1960
Sávio 9/1/1974
Claudio Caniggia 9/1/1967
Taison 17/01/1988
Baltazar 14/01/1926
Zamorano 18/01/1967
Dentinho 19/01/1989

Jogadores não relacionados:
Gilmar Rinaldi 13/01/1959
Zetti 10/01/1965
Bruno 23/12/1984
Carini 26/12/1979
Romerito 14/01/1975
Serginho Chulapa 23/12/1953
Viola 1/1/1969
Alan Kardec 12/01/1989
Magno Alves 13/01/1976
Léo Lima 14/01/1982

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

9 - Os Presidentes do Penta - JK


Começamos o governo de JK com muitas incertezas. Parecíamos aquele menino talentoso, que sabe perfeitamente de sua capacidade, mas não consegue prosperar sabe-se lá por quê. Havíamos fracassado nas duas últimas copas com times bastante qualificados, mas que fraquejavam na hora de decidir. Tínhamos a vocação de uma grande potência, mas pombas!, isto ainda não era nada palpável!

Mas desta vez poderia ser tudo diferente. Para a Copa do Mundo, sediada na Suécia, preparamos um projeto tão minucioso quanto inédito. Se antes íamos à Copa apenas reunindo os jogadores e o treinador, e depois viajando ao país sede para nos hospedarmos em um hotel que a Fifa reservara, desta vez planejamos tudo tal qual uma mãe super protetora.

Começando pela escolha do técnico, houve uma grande mudança. Ao invés de nomes óbvios como Flávio Costa ou Zezé Moreira, decidiu-se por Vicente Feola. Ao contrário dos outros dois, que se negariam a ouvir sugestões e decidir em conjunto, Feola tinha a humildade que o cargo naquele momento precisava. A situação lembra bastante a atual, quando Teixeira se decidiu por Dunga.

Nas duas últimas Copas, tínhamos grandes jogadores, como Djalma Santos, Julinho, Baltazar e Didi. Mas nossos craques eram como ilhas independentes em campo, como Ronaldinhos, Kaká e Adriano em 2006. Escolheram um técnico que decidisse em conjunto para que os craques também soubesse atuar como equipe.

Nossos jogadores passaram todos pelo dentista. Tudo bem que eles ganhassem salários comparáveis aos de médicos e advogados da época, mas haviam ali bocas absolutamente podres. Aquela delegação tinha 32 dentes imprestáveis, todos retirados.

Também passaram pelo médico comum. Muitos jogavam com alguns companheiros dentro de si: vermes, lombrigas e afins. E também houve exame psicotécnico. Tudo bem que ele não serviu de grande coisa, pois o psicólogo em questão aconselhou que Pelé e Garrincha não fossem aproveitados. Aliás, o nosso escrete era o único com dentista e psicólogo com a delegação na Copa. Os cuidados dos dois não foram necessários durante a competição, mas se fossem, lá estariam eles.

Os hotéis não foram escolhidos ao acaso. Houve a devida preocupação com o conforto dos jogadores que passava pelo clima aos campos para treinamentos regulares. Sabendo do potencial sexual de nossos jogadores, foi pedido também ao hotel que trocasse todas as funcionárias por... funcionários!

Enfim. Tudo o que atrapalhava nas últimas copas foi mapeado para que, desta vez, não houvesse meio de nosso melhor futebol não sobressair.

Já Juscelino assumiu em 1956 o governo de um país que não decolava. Não tínhamos furacões, terremotos, maremotos e vulcões. Muito pelo contrário. Solos férteis ocupavam a imensa maioria de nosso país. Havia mão de obra barata de sobra, com muito afinco para trabalhar. Mas mesmo assim, não confirmávamos o que a nossa vocação previa.

Juscelino foi peremptório desde o início. Estabeleceu o Plano Nacional de Desenvolvimento, o Plano de Metas, com o objetivo de crescer cinqüenta anos em cinco. Tudo bem que isso fosse mais uma frase de efeito, já que em cinco anos só é possível crescer... cinco anos. O que ele queria era provocar o clima e todas as condições necessárias para que o país crescesse muito.

As metas eram divididas em cinco grandes setores. A energia, o transporte, a indústria, a educação e a alimentação. Havia, pois, uma meta que simplificava todas as outras: construir Brasília.

Ao longo do governo, Juscelino conseguiu cumprir as três primeiras metas. Daí se vê a grande importância que ele deu a tudo que fosse visível e tangível. O capital brasileiro abriu-se mais ao estrangeiro do que a defesa do São Paulo abriu-se ao ataque da Portuguesa naquele 7 a 1. Máquinas e equipamentos industriais entraram no país praticamente sem impostos. Também o capital externo, que se associava simbolicamente ao interno.

Desse modo, a nossa industrialização envergou-se. A partir dos anos 30 as indústrias surgiram no Brasil, mas era a indústria leve, com bens de consumo não duráveis. Agora, era a indústria pesada que começava a ser criada aqui, com bens de consumo duráveis. Substituíamos, pois, a importação pela industrialização.

O ápice disso foi a construção de Brasília. Dizem que com o dinheiro gasto para construir nossa capital, seria possível erguer três delas. Mas Juscelino é sábio. Se uma Brasília já é muito chata e monótona, imagine três delas? O serrado morreria de tédio.

A Copa começou para nós em 8 de junho de 1958. Poucos dias antes, corremos o risco de perder nosso maior craque. O Brasil realizou um amistoso contra o Corinthians no Pacaembu, e Pelé foi vítima de uma entrada criminosa no joelho. Ele seria cortado, mas como era o Pelé, era prudente esperar mais um pouco. Já na Suécia, o joelho não parecia muito bom, e Pelé chegou até a pedir para voltar. De novo: como era Pelé, era prudente esperar mais um pouco. A espera foi recompensada: em 8 de junho, Pelé estava na estréia do Brasil contra a Áustria.

O jogo foi tenso, conforme era esperado. Se perdêssemos, a chance de cairmos na primeira fase era gigantesca. Além dos prejuízos práticos de um derrota – a perda dos pontos -, o moral da nossa seleção seria absurdamente abalado. Sem contar que os outros adversários – União Soviética e Inglaterra – eram dois dos mais fortes do mundo.

Contra os ingleses, apenas empatamos, e o jogo final da primeira fase era crucial, contra a União Soviética. E aquele jogo não seria só mais um. Era a estréia de Garrincha, e pela primeira vez seríamos os favoritos da Copa.

Apesar de o time ter Pelé, Didi, Vavá e Mazzola, faltava algum encanto. Esse encanto tinha pernas tortas. O Brasil foi avassalador contra a União Soviética. Ganhou apenas por dois a zero porque eles tinha Yashin, um dos melhores goleiros de todos os tempos. Os dois gols foram de Vavá. E os dois passes foram de Garrincha.

Por aqui, já era notícia geral de que Garrincha espantara os gringos. Eles nunca tinham visto jogador parecido. Aliás, se Garrincha já era um espanto para os acostumados ao futebol carioca, imagine para os europeus, acostumados com o futebol... europeu? Garrincha fez esquecer Julinho – até então o maior ponta do mundo.

Para o próximo jogo, Juscelino chamou Amaro, o pai de Garrincha, para que juntos ouvissem a partida. Amaro se sentiu honrado, mas não deve ter gostado muito. Fora do estádio, acompanhar uma partida de futebol é tarefa das mais íntimas – comparável ao sexo! E o analfabeto que estava acostumado a reações das mais intempestivas, acompanhou, manso, a partida ao lado do presidente. Brasil 1 x 0 País de Gales.

Na semifinal, contra a França, foram as esposas dos outros jogadores que acompanharam Juscelino na escuta. Deu sorte de novo: Brasil 5 x 2 França. Aliás, a França saiu à frente. Mas Didi, calmo como sempre, foi ele mesmo buscar a bola no fundo do gol e caminhou lentamente até o meio de campo, passando a tranqüilidade necessária aos jogadores, aos torcedores e, por que não?, a ele mesmo.

Na final, também saímos perdendo. Mas a força daquela seleção foi superior a qualquer lembrança de maracanazzo. Nem foi preciso que Didi repetisse o gesto, pois todos os jogadores sabiam da previsibilidade daquele título que não poderia ter outro dono. Cinco a dois, sem chances para a Suécia, que jogava em casa.

De volta ao Brasil, nossa seleção desfilou primeiro por Recife - onde o avião fez escala -, depois pelo Rio de Janeiro, onde encontraram suas famílias e o presidente. Juscelino, aliás, disse, no impulso de quem era campeão pela primeira vez, que todos os jogadores ganhariam casa própria. Passado um ano, com a promessa ainda não cumprida, Juscelino fez uma proposta mais branda. Que eles tivessem, sim, a casa própria, mas que pagassem por ela em suaves prestações.

O desenvolvimentismo de Juscelino teve um grande preço. O Brasil tornou-se absurdamente dependente do capital estrangeiro. Se crescíamos 7% ao ano, as dívidas aumentavam muito mais. E a inflação assombrou os governos posteriores, mas isso ficaria para depois. Porque a empolgação era assombrosa. Além do inédito campeonato mundial no futebol, Éder Jofre também foi campeão mundial de boxe também em 1958. Em 1959, a seleção de basquete dos homens foi campeã mundial, e a tenista Maria Esther Bueno ganhou Wimbledon e US Open.

Quando Juscelino Kubitschek disse que o Brasil cresceria cinquenta anos em cinco, fez uma profecia ao contrário: seriam cinco em cinquenta. Quero dizer: cinco copas nos próximos cinqüenta anos.

A seleção:

1 Castilho - Fluminense
2 Bellini - Vasco da Gama
3 Gilmar - Corinthians
4 Djalma Santos - Portuguesa de Desportos
5 Dino - São Paulo
6 Didi - Botafogo
7 Zagallo - Flamengo
8 Moacir - Flamengo
9 Zózimo - Bangu
10 Pelé - Santos
11 Garrincha - Botafogo
12 Nilton Santos - Botafogo
13 Mauro Zagueiro - São Paulo
14 De Sordi - São Paulo
15 Orlando - Vasco da Gama
16 Oreco - Corinthians
17 Joel - Flamengo
18 Mazzola - Palmeiras
19 Zito - Santos
20 Vavá - Vasco da Gama
21 Dida - Flamengo
22 Pepe - Santos

Treinador: Feola

Fontes: Estrela Solitária - Um Brasileiro Chamado Garrincha
Site Brasil Escola
Site Memorial JK
Livros de História da escola