Todos conhecem a história. Garrincha estava na Suécia, e quis comprar um rádio para trazer ao Brasil. Precavido, quis testá-lo antes de efetuar o pagamento, para ter a certeza de que estaria funcionando. A decepção foi grande: o rádio só falava na língua local, o sueco. Mas parece que não foi exatamente isto que aconteceu.
Ruy Castro escreveu uma apuradíssima biografia de nosso Mané Garrincha. Nela, ele desmente peremptoriamente essa história e conta outra, totalmente antagônica. Segundo Ruy, Garrincha jamais pensou que um rádio fabricado na Suécia só pegaria as rádios suecas. Tanto é, que chegou a comprar vários rádios para presentear seus amigos e familiares.
A história que deu origem ao boato é, na verdade, uma brincadeira que Garrincha fez com seu companheiro de Botafogo, Hélio. Conta, Ruy:
“Foi Hélio quem comprou o tal rádio numa loja em Copenhague e, ao ligá-lo no hotel, ouviu de Garrincha:
‘Mas sua família fala essa língua, Hélio?’
Hélio não entendeu a pergunta. Garrincha, sério, explicou:
‘Se você não trocar as válvulas quando chegar ao Brasil, ninguém vai entender o que o locutor está falando. E lá não tem pra vender dessas válvulas’
Hélio ficou desapontado e disse que ia à loja devolver o rádio. Não se sabe se efetivamente foi ou conseguiu devolvê-lo – mas Garrincha não o comprou, nem o vendeu, nem precisava disso.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário