segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Muricy Ramalho, um homem de palavra

Não é raro que um treinador seja demitido no Fluminense. Do ano 2000 até hoje, houve 23 mandatos de técnico no clube carioca – na média, um técnico a cada cinco meses. Digo mandato, porque alguns repetiram, como Parreira (três vezes), Renato Gaúcho (três vezes), Cuca (duas vezes), Oswaldo de Oliveira (duas vezes), Valdir Espinosa (duas vezes) e Joel Santana (duas vezes).

No ano passado, o Flu foi dirigido por quatro técnicos diferentes. Em 2006, foram cinco. Em 2002, 2004 e 2008, foram três por ano.

E você deve imaginar que não é simples demitir um técnico. Porque o contrato de treinador não é feito como um empregador e um empregado comum, quando o sujeito está contratado por tempo indeterminado, e ao ser demitido recebe as férias proporcionais, o décimo terceiro proporcional e o aviso prévio. Com um técnico de futebol, o tempo de contrato é determinado. E quem encerrar este vínculo antes do prazo deve pagar uma multa rescisória. No caso de uma demissão, como as que o Flu está acostumado a fazer, é ele quem deve arcar com esta multa.

Ao final de 2006, como se deve imaginar, o clube estava pagando as multas rescisórias dos quatro treinadores demitidos no ano mais o salário do quinto – que só seria demitido em 2007.

Pois bem. Ricardo Teixeira convidou Muricy para ser técnico da seleção, ao que este recusou, alegando que tinha um contrato de dois anos apalavrado com o Fluminense – que se somaria ao fim de seu contrato atual com término em dezembro deste ano. Se tudo ocorrer conforme a média dos últimos dez anos, o Fluminense demitirá Muricy daqui a um mês (ele já está no quarto mês de contrato), e a multa recisória será equivalente a dois anos e três meses de contrato.

E se juntará às 10 parcelas de 300 mil reais que Muricy ainda tem a receber do Palmeiras.

Dizem que Muricy abriu mão de dirigir a seleção – sonho de todos os treinadores – por não abrir mão de sua palavra com o Fluminense. Mas ao cumprir sua palavra, ele se coloca na eminência de receber uma multa rescisória tão gorda, que poderia cantar na Fat Family.

Tudo bem, Muricy é um homem de palavra. Mas não vamos negar: ele é também um homem de negócios!

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