quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

1 - O juiz que encurralou o repórter

Texto originalmente publicado na edição #13 da revista Invicto

No ano de 1993, o Grêmio recebeu o Santos no estádio Olímpico, em partida do Campeonato Brasileiro. Não era uma partida qualquer – se é que um clássico entre estas equipes possa ser uma partida qualquer. Tratava-se da estreia do lateral Branco no Olímpico. Tudo bem que àquela época ele ainda não tinha marcado aquele gol contra a Holanda nas quartas de final da Copa do Mundo, mas mesmo que não fosse um jogador irretocável, os atletas de longas madeixas sempre fizeram sucesso na terra de Fernandão, Falcão, Ronaldinho, Renato, Alcindo e Batista.

O árbitro escolhido para a partida foi Léo Feldman.

Mas juiz não tem vida tranquila. Se tivesse, não seria juiz e não se vestiria de preto. Aconteceu de ter um pênalti indiscutível contra o Grêmio, e Feldman, claro, marcou sem pestanejar. Darci converteu o pênalti e assim se encerrou a partida: 1 X 0 para o Santos. É claro que os torcedores gremistas ficaram furiosos.

E a reação deles não ficou somente nas reclamações. Assim que o juiz e os bandeirinhas entraram no vestiário, não conseguiram mais sair, tamanha a revolta local. Um repórter, contente pela notícia, informou a plenos pulmões o que estava acontecendo, não sem certo sadismo: “O juiz e os auxiliares não conseguem sair do vestiário porque a torcida gremista não deixa”.

Léo ouviu e teve uma grande ideia. Ele cercou o repórter e lhe avisou: “Você só sai daqui com a gente”. Mas deu a solução: “Trate de informar que eu e os bandeiras já saímos e estamos bem”. Ao repórter, acuado, não restou opção. Ele informou o que Feldman queria e o efeito foi instantâneo: a massa azul dispersou. Aí, sim, puderam todos ir embora tranquilamente.

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