segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

8 - Times dos Famosos – Vavo, da banda Fresno


A banda Fresno é muito engraçada – não que eles queiram. Eles são uma banda emo, mas mesmo assim são bacanas. O vocalista usa decote, e mesmo assim ninguém desconfia de sua sexualidade. E dois quatro integrantes, dois são gremistas e os outros dois, colorados. E mesmo assim conversam, se divertem juntos, tocam juntos... Enfim, têm uma banda. Você consegue compreender o tamanho deste milagre?!

Entrevistei o Vavo, o guitarrista da banda, por e-mail. Ele teve pontuação recorde, até agora – passou Leão Lobo. O ponto perdido, que o separou do torcedor xiita, foi por motivos bobos – alguma falta de atenção com detalhes essenciais. Mas com incentivo e ensinamento, Vavo vira um xiita com certa tranqüilidade.

Aliás, estou até começando a achar que será preciso um número maior de questões pegadinhas, que diminuam a pontuação do sujeito. Para que o ruim tenha um ponto ou dois, e o xiita seja mais valorizado. Vamos ao teste, por favor.


1 – Tem camisa do time?
Resposta: Mais de 10.

Comentário: Ponto para Vavo. Porque o torcedor desse tipo não tem a camisa só para usar se um dia for campeão, ou se ganhou de presente, ou se as comprou num acesso consumista. Tem porque é um verdadeiro obcecado pelo time e, se pudesse, usaria o manto de segunda a segunda!


2 – Usa o manto no dia seguinte a uma derrota?
Já usei várias vezes, não vejo porque não usar.

Comentário: Aquele que não usa o manto depois de uma derrota é um verdadeiro herege. É o cristão que não defenderia Jesus quando ele foi crucificado, o americanizado que seria anti-americano quando Bin Laden atacou as torres gêmeas...


3 – Lembra-se de uma escalação do século passado?
Primeira final que eu fui no estádio, Copa do Brasil de 1992: Fernandez, Célio Lino, Célio Silva, Pinga e Daniel; Ricardo, Élson e Marquinhos; Maurício, Gérson e Caíco.

Comentário: Ponto com louvor. Lembrar-se de uma escalação inglória significa gostar do time sempre, até quando não se tem motivos aparentes.


4 – Freqüenta o estádio?
Sempre.

Comentário: O verdadeiro futebol se vê no estádio.


5 – Quanto foi o último jogo do time?
Sport 1 x 2 Inter.

Comentário: O Inter havia conseguido a virada aos 37 minutos do segundo tempo com gol de falta de Andrezinho, o que lhe daria chances de título.


6 – Costuma dizer que é torcedor do time?
Ah, eu vivo mostrando por aí sim que sou colorado!

Comentário: Isto é verdade. Até eu, que não sou um conhecedor profundo de Fresno, já sabia que ele é colorado. Porém, em sua biografia no site oficial do Fresno, não há nada dizendo que Vavo seja colorado. Deixemos isto passar em branco. Ponto para ele.


7 – Torce para o time desde criança?
Poucos sabem disso, mas eu fui gremista até os 3 ou 4 anos porque minha família inteira era gremista. Não lembro dessa época, só por foto. Mas na Copa União de 1988 eu já torcia pro Inter. Ninguém na minha família sabe explicar porque eu "troquei" de time...

Comentário: O que pode parecer a um primeiro momento um golpe de sinceridade, conta contra Vavo. Tudo bem que ele não tinha consciência, aos 4 anos, do que significa para um colorado torcer para o Grêmio. Embora torcer desde os 5 anos para o time já seja uma grande coisa, Freud explica que há sementes plantada em nosso inconsciente desde nossa mais tenra infância. É por isso que Vavo perde meio ponto.


8 – Torce contra o rival?

Já fui mais secador, mas agora estou mais calmo. Ainda mais morando em São Paulo, onde não tem gremistas para me incomodar. Às vezes só fico sabendo o resultado do jogo do Grêmio no dia seguinte.

Comentário: Aqui ele perde meio ponto. A distância geográfica não pode ser desculpa para deixar de torcer contra o rival. Lembremos que torcer para um time significa torcer, automaticamente, contra o maior rival.


9 – Se tivesse que escolher namorar entre uma garota que torce para o seu time e outra que torce para qualquer outro, qual delas você escolheria?
Eu namoro uma corinthiana! Mas time não é problema pra mim, acho que não tem nenhuma relação.

Comentário: Ponto para ele. Colocar a situação clubística na escolha amorosa é uma grande bobagem. É preciso reconhecer que há grandes idiotas que torcem para nosso time, enquanto há gente grandiosa torcendo pelos rivais.


10 – Você assiste a todos os jogos? Chega a escutar no rádio quando o jogo não é transmitido pela TV?
Como muitas vezes estamos viajando com a banda, é comum eu assistir o jogo pela internet em sites de rádios de Porto Alegre.

Comentário: Grande Vavo! É muito fácil assistir a todos os jogos do time quando eles passam na TV aberta, de bandeja. Morando longe, ele cumpre bem a obrigação, apesar das grandes dificuldades. Mereceria ponto extra, mas o regulamento não prevê ponto extra para esta questão.


11- Se por um acaso a vitória do seu time favorecesse o rival, gostaria que os jogadores entregassem o jogo?
Não acho isso digno. Se eu fosse jogador, não conseguiria fazer isso.

Comentário: Dizem na TV que o torcedor pode querer o que for, que está sempre com a razão. Como se ele fosse o freguês de uma empresa. Muito pelo contrário. Se o time fosse uma empresa – e não é – o torcedor seria o sócio dela. Por isso, também o torcedor não pode querer que seu time faça aquilo que não seja íntegro.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

7 - Outra versão sobre o rádio de Garrincha na Europa

Todos conhecem a história. Garrincha estava na Suécia, e quis comprar um rádio para trazer ao Brasil. Precavido, quis testá-lo antes de efetuar o pagamento, para ter a certeza de que estaria funcionando. A decepção foi grande: o rádio só falava na língua local, o sueco. Mas parece que não foi exatamente isto que aconteceu.

Ruy Castro escreveu uma apuradíssima biografia de nosso Mané Garrincha. Nela, ele desmente peremptoriamente essa história e conta outra, totalmente antagônica. Segundo Ruy, Garrincha jamais pensou que um rádio fabricado na Suécia só pegaria as rádios suecas. Tanto é, que chegou a comprar vários rádios para presentear seus amigos e familiares.

A história que deu origem ao boato é, na verdade, uma brincadeira que Garrincha fez com seu companheiro de Botafogo, Hélio. Conta, Ruy:

“Foi Hélio quem comprou o tal rádio numa loja em Copenhague e, ao ligá-lo no hotel, ouviu de Garrincha:

‘Mas sua família fala essa língua, Hélio?’

Hélio não entendeu a pergunta. Garrincha, sério, explicou:

‘Se você não trocar as válvulas quando chegar ao Brasil, ninguém vai entender o que o locutor está falando. E lá não tem pra vender dessas válvulas’

Hélio ficou desapontado e disse que ia à loja devolver o rádio. Não se sabe se efetivamente foi ou conseguiu devolvê-lo – mas Garrincha não o comprou, nem o vendeu, nem precisava disso.”

6 - Histórias de Garrincha

Dizem que, assim como a mãe de todas as virtudes é a gratidão, a dos defeitos é a ingratidão. Porque aquele que não consegue nem ser agradecido com aquele que lhe prestou favor, certamente é um egoísta incapaz de outras virtudes.

Pois eu estava olhando meu blog, e percebi uma coisa chata: Garrincha só está no nome.

Poxa vida. O homem ganha duas copas do mundo para meu país, empresta o nome para meu blog sem cobrar nada, e eu sequer falo dele aqui?! Agora será diferente.

Inaugurarei uma sessão em que falarei coisas da vida e do futebol de Garrincha. A fonte será, sempre, o livro Estrela Solitária – um brasileiro chamado Garrincha. Esta é a maior fonte confiável que temos daquele que foi um de nossos maiores jogadores.

O leitor que acompanhar este blog poderá, ao longo do tempo, conhecer algo a mais daquele homem que tinha a virtude mais rara de um jogador de futebol: além de ser eficiente, era também divertido. É um pecado esquecer Mané. Até porque a memória é a mãe de todos os neurônios, ora!

sábado, 19 de dezembro de 2009

5 - Pontos Corridos x Mata-mata – Candinho

O depoimento de Candinho em mp3


Você deve conhecer o Candinho. Acho, até, que já torceu por ele. Em 1996, era Candinho o treinador que levou a Portuguesa ao vice-campeonato – perdeu no finalzinho para o Grêmio. Em 1997, treinou o Corinthians com uma missão tosca e ingrata: tirar a equipe da zona do rebaixamento a apenas três rodadas do final. Conseguiu. Depois foi auxiliar-técnico de Luxemburgo na seleção, e chegou até a treinar ele mesmo um jogo: Brasil 6 x 0 Venezuela.

Teremos a opinião de Candinho, e devemos observá-la com respeito. Uma das regras não ditas do futebol é a de que a opinião de uma pessoa mais velha vale mais, indiscutivelmente, do que a de uma mais nova. Porque futebol é, em sua essência, intuição e experiência. E isso Candinho tem em abundância. Vamos ao depoimento dele:

“Eu sou a favor do mata-mata. Porque chega no final do campeonato, em que os clubes que não têm mais interesse, e botam reservas, vão jogar em Campinas, como o Corinthians foi jogar com o Flamengo. E isso prejudica. No mata-mata não acontece essas coisas. Agora, a pessoa se desinteressa e prejudica terceiros. Se o Corinthians joga com o flamengo no Pacaembu, é uma pressão muito maior. Aí acabou prejudicando o inter, o São Paulo. Quer dizer, essas coisas mudam o que pode ser campeão. Então sou a favor do mata-mata porque no mata-mata não tem isso. Se você pegar os quatro clubes que chegaram, Palmeiras, Flamengo, São Paulo e inter, e fizesse um mata-mata entre os 4 agora, os outros clubes poderiam jogar e não interferiria. A pessoa vai dizer que no pontos corridos ganha o melhor porque teve mais regularidade. Mas quando chega no final não é mais regularidade. É beneficiado pelos outros que não têm mais interesse em ganhar. E a emoção do mata-mata é muito maior. Agora, eu sou a favor do mata-mata com quatro clubes. Antes era do primeiro ao oitavo. Aí o campeonato se arrastava demais, e todo mundo não se interessava muito, porque classificavam até 8, né? Os quatro primeiros é que iriam pro mata-mata, aí todo mundo ficava interessado, né? Aí ninguém ia entregar jogo para ninguém.”

Então Candinho é um mata-matense roxo! Seria porque quando sua Portuguesa chegou a vice do Brasileiro de 1996, a fórmula de disputa era a de mata-mata? Lembre-se. A Portuguesa conseguiu somente se classificar como oitava colocada na última rodada. Se fosse um campeonato de pontos corridos, aquele time teria passado em branco. E para o torcedor da Portuguesa, nomes como Rodrigo Fabri, Clêmer, Capitão, Alex Alves e o do próprio Candinho, seriam equivalentes aos de Johnson, Celsinho, Kléber e Gléguer. Seriam outros bons jogadores em um ótimo grupo com um bom técnico que, de novo, não conseguiriam nada. Mas só não foram campeões por um detalhe aos 36 do segundo tempo. Acontece. Ainda mais com a Portuguesa.

Fora isso, os argumentos de Candinho são respeitáveis e consistentes, a ponto de promover a virada do mata-mata! O primeiro gol sofrido pelos pontos-corridenses se dá quando Candinho diz que os times que não disputam mais nada no final do campeonato atrapalham aqueles que ainda têm aspirações.

O Campeonato de 2009 abriu esta ferida. Até a 35ª rodada, todos os times tiveram que enfrentar o Corinthians no Pacaembu. Lá, a torcida exerce uma grande pressão e, pombas, é a casa do Corinthians! Porém, ao enfrentar o Flamengo, o Corinthians passou o jogo para Campinas. Numa partida em que todos os outros adversários enfrentaram milhares de corintianos , num estádio em que os jogadores já estão acostumados, o Flamengo dividiu a torcida, num estádio estranho aos dois. E ainda há rumores de que, não bastasse isso tudo, o Corinthians facilitou deliberadamente para o Flamengo, a fim de prejudicar seus rivais – Palmeiras e São Paulo, que ainda disputavam o título. Aconteceu também com o Grêmio. Há quem diga que os gremistas jogaram com afinco e até tentaram ganhar. Mas eram os reservas.

Este é um duro golpe no sistema de campeonato que se julga o mais justo. Ele seria, se todos fossem leais até o último instante. 1 a 1.

Além disso, Candinho tocou em um ponto bastante discutível. Disse ele que no mata-mata há maior emoção. Não sei dizer se uma final é realmente mais emocionante do que uma rodada com quatro times disputando o título. Talvez pela atmosfera de uma final. Ou então pela certeza de que o campeão sairá daquele determinado estádio, após aquele juiz apitar o fim. Aí, sim.

Eis a virada. Pontos corridos 1 x 2 Mata-mata

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

4 - Pontos Corridos x Mata-mata – Freddy Rincón

O depoimento de Rincón em mp3



Freddy Rincón já esteve em muitos lugares. Já esteve no Palestra Itália defendendo o Palmeiras, e no Pacaembu jogando pelo Corinthians. Pela seleção colombiana já conseguiu vencer a Argentina fora de casa por 5 a 0, mas fracassou quando jogou pelo Real Madri pelo racismo de seus próprios torcedores. Rincón já morou em casas luxuosas em São Paulo, mas já passou tempos na prisão.

Ele era um jogador raríssimo. Porque há uma lei física que um jogador dificilmente consegue superar: ou se é robusto e moroso, ou se é leve e fraco. Mas como um hipopótamo delicado, ou uma formiga forte, Rincón era fortíssimo e ágil. A habilidade dele se assemelhava à dos melhores atacantes, e a capacidade de marcação e noção de espaço dele era a de um digno volante. Então era muitíssimo capaz para defender, e atacava com qualidade ímpar.

Um homem com esta experiência deve ter uma boa opinião sobre a escolha entre pontos corridos ou mata-mata, não é? Também começamos com a visão de um estrangeiro que, mesmo depois de encerrar a carreira futebolística, vive no Brasil, para termos uma visão externa e, ao mesmo tempo, apaixonada sobre nosso tema.

“Olha, eu acho que o importante é criar a emoção do público. Eu acho que o pontos corridos está há dois ou três anos no campenato brasileiro e está se tornando cada vez mais importante. Na verdade, eu acho que é pelo público, mesmo. Que é por adaptação, que o público se adaptou ao pontos corridos. Acho que prefiro o pontos corridos. E é como se fala na gíria, né? Em time que está ganhando não se mexe.”

Então Rincón é um ponto-corridense. Há algumas pesquisas concordam com o argumento dele, e apontam que os brasileiros realmente preferem os pontos corridos. A TNS Sport Brasil, após ouvir 8018 pessoas por todo o país, apontou que 53,3% preferem os pontos corridos, 36% o mata-mata, e para 10,7%, a fórmula de disputa lhes é indiferente. Vi isso no blog do Juca Kfouri.

A manutenção de uma fórmula de disputa convincente e popular é muito importante para a legitimação de um torneio. Tanto que está previsto no Estatuto do Torcedor que um campeonato precisa, necessariamente, adotar a mesma fórmula por, no mínimo, dois anos consecutivos.

E assim, com gol de Freddy Rincón, os pontos corridos saem na frente nessa disputa. 1 a 0.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

3 - Torcer pelo Santos


Está decidido. Por sete votos a seis, se Peter Griffin tivesse nascido no Brasil, o time dele seria o Santos.

Como santista, é bom que Peter saiba que torcer pelo Santos é saber que alegria tem preço.

Quando Pelé chegou ao Santos em 1956, a cidade aliviou-se. Era a certeza de que aqueles anos de profunda inferioridade à capital estavam terminando. Para ver o campeão, os paulistas precisariam descer a serra. Para ver o rei, os cariocas teriam que cruzar a Rio-Santos – que nem existia à época.

Não houve quem não se encantasse com Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. Aquele time, um escrete com pedigree, deu, em 1962 e em 1963, o título de melhor do mundo ao alvinegro praiano. Mas isto apenas confirmava o que já era de conhecimento universal. Aliás, quando aquele time não era campeão, tinha-se a certeza de que alguma injustiça se passara no meio do caminho. E hoje vemos alguns títulos ganhos por outrem com o mesmo espanto de um concurso literário dos anos 30 em que Fernando Pessoa participou e perdeu para um desconhecido.

Mas Pelé foi embora. E o time não ficou apenas sem seu principal jogador. Ele perdeu também todo aquele incremento que a presença de Pelé dava a seus companheiros. Não havia jogador inseguro ao lado de Pelé. A habilidade do rei era, desculpe, contagiante. Os jogadores de belíssimo passe começaram a errar irritantemente, os gols feitos já não eram tão feitos assim. Até o goleiro! Até ele começou a falhar em lances antes tão simples.

O Deus medo prevaleceu no coração do santista. E fez pagar em dobro toda a volúpia e todo o prazer. Os aproximadamente 15 anos com Pelé e títulos foram pagos com quase 30 sem os dois. A Vila Belmiro, antes palco de vitórias e júbilo santista, virou lugar de incertezas e saudade. É por isso que o torcedor santista virou, ora veja, viúva de Pelé.

Pelé tornou-se a defunta do coração preto e branco. E de tanto caçoarem da morta, surgiu, em 2002, seu verdadeiro filho – Robinho, trocado na maternidade com Edinho -, que prometia cumprir tudo à Sua semelhança. Os tempos são outros, e Robinho ficou por apenas três anos no Santos. E não jogou tão bem quanto Pelé. O santista, porém, sabe que isto é motivo de alegria e comemoração.

“Ainda bem que ele não foi tão bom quanto Pelé”, ouve-se na Vila Belmiro, “e aquele time não chegou a ser bi-campeão do mundo. Senão, teríamos a certeza de que seriam mais trinta anos, trinta!, de desespero e angústia”.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

2 - Pontos Corridos x Mata-mata


Desde que o Campeonato Brasileiro passou a ser disputado no sistema de pontos corridos, em 2003, há sempre a discussão sobre qual fórmula é a melhor: a atual ou a anterior? Inicialmente a conversa foi comedida, em que os pontos favoráveis a cada estilo eram dispostos racionalmente, mas aconteceu com esta discussão o que ocorre com todas as outras. Rapidamente, houve a divisão entre dois times – o dos ponto-corridenses e o dos mata-matenses.

Então onde se viam argumentos frios e calculistas, agora só há alegações peremptórias e intolerantes. Qual um corintiano que não consegue ver a beleza do verde, ou do palmeirense que não consegue ver o preto e branco sem sentir o corpo inteiro tremer, quem prefere os pontos corridos não admite mais nenhuma das qualidades do mata-mata, e quem prefere o mata-mata refuta, rapidamente, qualquer argumentação ponto-corridense, por mais pertinente que ela seja.

É bom que o leitor saiba que já fui partidário dos dois times. Assim que deixaram os pontos-corridos, fiquei horrorizado que nosso campeonato fosse privado de uma final. Depois, fui me acostumando, e passei a considerar a possibilidade de que a final poderia, sim, ser substituída por vinte jogos simultâneos aos domingos. Mas hoje, a saudade da final anda batendo forte, ao mesmo tempo em que me apeguei aos pontos corridos. Ou seja: se deixasse os pontos corridos, sentiria falta dele, mas continuando do jeito que está, fico com saudades do mata-mata.

O nosso jogo funcionará assim. Ouvirei vários depoimentos. Cada argumento favorável que nosso entrevistado oferecer contará como um gol para a equipe dele (Pontos corridos ou Mata-mata). Se ele apelar, estará jogando contra o próprio time, desconsiderando um argumento favorável anterior, então contará como um gol contra a favor do adversário.

No final, a equipe vencedora contará com mais um adepto: eu.

Estamos entendidos?

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

1 – Horóscopo dos futebolistas – Sagitarianos


Arrisco dizer que o signo de sagitário é um dos mais raros no meio futebolístico. Estive pesquisando para iniciar este post, e dos 388 jogadores e técnicos consultados, apenas dezenove (4%) são sagitarianos. Também pudera: sagitarianos em excesso podem estragar um time.

Tratando o time como um prato de comida, e o sagitariano como o sal, podemos dizer que cada sagitariano é uma pitada de sal. Então, ao preparar uma equipe, costuma-se preferir por errar pela falta a correr o risco do erro pelo excesso. Ora, assim pensam nossos dirigentes: é possível engolir uma comida sem sal, mas comê-la muito salgada é praticamente impossível. Porém, não nos esqueçamos: o sal que pode estragar uma refeição é, ao mesmo tempo, essencial para que ela seja deliciosa.

O boleiro sagitariano é aquele que faz o que for necessário para realizar seus objetivos. Treina a mais do que o comum para ajustar um detalhe que talvez nem faça falta, como Muricy. Inventa um treinamento novo, como Valdir Joaquim de Moraes. Ou então, traça metas e as cumpre com afinco, como Keirrison, que sempre teve uma meta clara: vestir a camisa do Barcelona.

Eles costumam cativar pela sinceridade, mas é a sinceridade também que os repele. Lembra do Djalminha? Ele tem a sinceridade como a maior qualidade e o maior defeito. Os palmeirenses se encantaram com ele em 1996, quando não tinha pudores em menosprezar, sinceramente, os adversários. E em 2005, os mesmos palmeirenses sentiram muita raiva de Djalminha, quando ele disse que não jogaria naquele time repleto de pernas de pau.



Vamos ao time dos sagitarianos, que, apesar de conter talentos irrefutáveis, falharia indubitavelmente. Seria o time mais salgado já visto.

Para treinador, teríamos quatro opções. Rubens Minelli, Muricy Ramalho, Ricardo Gomes e Oswaldo de Oliveira. Ricardo é ainda inexperiente, então seria auxiliar do auxiliar. A dúvida ficaria entre Muricy, Oswaldo de Oliveira e Minelli. E é uma dúvida dificílima de se desfazer. Se Muricy conquistou os últimos três campeonatos brasileiros pelo São Paulo, Rubens também foi tri-campeão brasileiro (em 76 e 77 pelo Inter, e em 78 pelo São Paulo) e Oswaldo foi campeão Brasileiro e Mundial pelo Corinthians. Mas é antes dos anos 70 que encontramos o trunfo de Minelli: ele ganhou um Robertão pelo Palmeiras. Aí ele passa Muricy. É o tetra ganhando do tri. Então sobraria Minelli e Oswaldo.

Aqui, temos que analisar a relevância de cada técnico em cada título conquistado. Oswaldo, em 99, possuía um time com mais estrelas do que um céu. E os adversários eram fracos. No ano 2000, foi campeão mundial pelo Corinthians em cima do Vasco que possuía Edmundo, o que é um grande feito. Mas Minelli merece a vaga porque ele foi um dos únicos capazes a realizar a grande proeza, em 1968: derrubou o time de Pelé.

Minelli de técnico, Muricy de auxiliar, Ricardo Gomes de auxiliar do auxiliar e Oswaldo de Oliveira como auxiliar do auxiliar do auxiliar. Oswaldo seria o primeiro auxiliar, mas ele foi sendo rebaixado nas funções e não demonstrou o menor sentimento.

Para o gol, temos cinco goleiros. Dois de nível excepcional, e outros três de alto nível, mas que, pena!, não chegaram a ser craques. Estes são Francesco Toldo, Fernando Henrique e Fábio Costa. Somente um deles poderá ir para o banco de reservas como segundo goleiro. Escolheremos Toldo, que já está acostumado com a reserva, e também por não correr riscos de ser expulso. Fernando Henrique seria melhor que ele, porém não poderemos dar a vaga a alguém que comemora defesas – então ele não será sequer relacionado.

A disputa pela titularidade será acirrada. Valdir Joaquim de Moraes contra Castilho. Bem, se Valdir Joaquim de Moraes compensou a baixa estatura com o melhor posicionamento de goleiro que já se viu em nossas terras, Castilho fazia milagres. Se Moraes foi imortalizado com todo o time da primeira academia com seu reflexo ágil e impulsão fenomenal, Castilho tinha, além disso tudo, sorte – seu apelido era Leiteria. Mas isto não bastaria para tirar a posição de alguém como Valdir. Teremos que decidir por um critério injusto, já que fazer justiça aqui seria dar a 12 a quem só merece e conhece a 1.

Castilho ganha de Joaquim pela idade. Nasceu quatro anos antes. E Valdir, para não ficar no banco angustiado pela chance de jogar, será o preparador de goleiros, posição que ele mesmo inventou.

Depois disso, o time segue sem muitos mistérios. Fábio Rochemback assume a lateral direita. Ele não gostou da improvisação, mas desfez o beicinho quando logo no primeiro treinamento percebeu que jamais poderia sonhar em disputar posição com o meio campo de Heitor, Rubens, Pedro Rocha e Djalminha.

A zaga se completa com Mauro Galvão e seu cabelo capacete e Ronaldo Angelim, o único pereba do time. A lateral esquerda é de Xabi Alonso, já que também não temos sagitariano específico da posição.

Como já disse, o meio campo é fenomenal. Heitor e Rubens cadenciam o jogo, mas não defendem. Pedro Rocha e Djalminha atacam, mas não marcam. Você começa a perceber que não é somente pelo signo que este time não dará certo. Custou muito para convencer Djalminha que a 10 era de Pedro Rocha. Djalminha argumentou que jamais jogou com um número inferior ou superior a 10.

- Mas Djalminha... O Pedro é mais velho.

Novamente, a idade foi decisiva.

No ataque, Tesourinha e Michael Owen. A nove é de Tesourinha. Owen está tão deslumbrado com o contrato com o Manchester, que não se importa mais com esse tipo de coisa.

Keirrison não está relacionado por alegar uma contusão no dedinho do pé esquerdo. Giggs também está fora para não ultrapassarmos o limite permitido de estrangeiros na equipe.

Eis nossa escalação:

1 - Castilho 27/11/1927 (Fluminense)
2 - Fábio Rochemback 10/12/81 (Inter, Barcelona e Grêmio)
3 - Mauro Galvão 19/12/1961 (Vasco e Grêmio)
4 - Ronaldo Angelim 26/11/1975 (Flamengo)
6 - Xabi Alonso 25/11/1981 (Barcelona)
5 - Rubens 24/11/1928 – (Flamengo e Vasco)
8 - Heitor 20/12/1898 (Palmeiras)
7 - Djalminha 9/12/1970 (Palmeiras, Guarani, Flamengo e La Coruña)
10 - Pedro Rocha 3/12/1942 (São Paulo)
9 - Tesourinha 3/12/1921 (Internacional)
11 - Michael Owen 14/12/1979 (Liverpool, Real Madri, Newcastle e Manchester United)

Técnico: Rubens Minelli
Auxiliar técnico: Muricy Ramalho
Auxiliar do auxiliar Técnico: Ricardo Gomes
Auxiliar do auxiliar do auxiliar técnico: Oswaldo de Oliveira
Preparador de goleiros: Valdir Joaquim de Moraes

Banco de reservas
12 - Francesco Toldo 2/12/1971 (Inter de Milão)
21- Fábio Costa 27/11/1977 (Vitória, Santos e Corinthians)
17 - Palhinha 14/12/1967 (São Paulo, Cruzeiro)
16 - Liédson 17/12/1977 (Corinthians, Flamengo, Sporting)
15 - Aristizábal 9/12/1971 (São Paulo, Cruzeiro, Coritiba)
77 - Carlos Alberto 11/12/1984 (Fluminense, Botafogo e Vasco)

Não relacionados
Fernando Henrique 25/11/1983 (Fluminense)
Ryan Giggs 29/11/1973 (Manchester United)
Keirrison 3/12/1988 (Coritiba, Palmeiras e Benfica)

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

11 - Horóscopo dos futebolistas

Sempre que desejamos nos referir ao comportamento de nossos jogadores e técnicos, não passamos de teorias relativas a humor, classe social, classificação do time, local de nascimento... O mundo se desenvolve cientificamente a ponto de objeto de um computador viajar a uma velocidade maior que a da luz, mas no futebol ainda estamos sujeitos a amadorismos e crendices do tempo da minha avó! É por isso que agora teremos esta seção, Horóscopo dos futebolistas, que explorará o comportamento de nossos jogadores e técnicos sempre pelo visão do horóscopo.

Creio que enfrentaremos forte rejeição no início, já que este, reconheçamos, é um ambiente predominantemente feminino. Mas assim como o sagitariano Valdir Joaquim de Moraes enfrentou reações exaltadas quando começou a treinar goleiros especificamente, mas isso anos depois esta tornou-se uma prática comum, assim como o aquariano Rinus Michels sofreu muito mal olhado quando inventou a linha de impedimento, mas hoje é difícil ver uma equipe que não a utilizei, dessa forma o horóscopo futebolístico enfrentará grande rejeição no início, mas tenho a certeza de que os mesmos que o rejeitarão agora, utilizar-se-ão dele no futuro com argumentos irrefutáveis.

Você deve saber que há doze signos divididos pelo horóscopo. Toda vez que o calendário mudar de um signo para outro, teremos um post sobre o novo signo, com explicações dos comportamentos dos jogadores e técnicos e, por que não?, com previsões sobre o mês que terão pela frente.

O principal, porém, será a eleição do time de cada signo, com técnico e jogador certo para cada posição!

Também poderão surgir posts esparsos durante os meses, mas não esperem por eles.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

10 – Qual seria o time do Peter Griffin?

Quase todos que vêem Peter Griffin pela primeira vez acham que ele é muito parecido com Homer Simpson, porque encontram nele alguns defeitos que estão acostumados a ver no Homer. Porém, depois de assistir a alguns episódios da Família da Pesada, quase ninguém mais compara os dois. Porque se Peter tem vários dos defeitos do Homer, não tem as qualidades.

Aliás, é sorte que ele é desenho – faz parte do elenco de Uma Família da Pesada. Senão eu não poderia começar este texto sem dizer um palavrão. E mesmo sendo um desenho animado que me faz rir, não consigo: tenho que chamá-lo de filho da puta.

Ele não tem uma idade definida, mas dizem pela internet que tem 42 anos. Não é difícil vê-lo se embebedando por aí com os amigos, mesmo que seja em um momento completamente inapropriado, como no nascimento de um filho, ou durante o dia de aniversário de casamento. Aliás, está aí um jeito fácil de defini-lo: Peter tem a malícia de uma criança misturada com a ingenuidade de um adulto... e álcool.

Agora, cabe a nós decidir para qual time ele torceria se tivesse nascido no Brasil. São quatro opções - Santos, Atlético Mineiro, Cruzeiro e Flamengo -, e o leitor pode votar na enquete ao lado. O resultado virá dia oito. Para qual time você acha que ele torceria?

Para o Santos?



Há um fator muito a favor e outro bastante contra para que Peter escolha o Santos. Conta a favor que Santos é o time de Pelé, jogador que teve uma relação muito forte com os Estados Unidos na infância de Peter – época em que se escolhe um time. Contra, é que é raro encontrar santistas que não morem em Santos.

Para o Atlético Mineiro?



O Atlético não conquista um título importante há muitos anos. Não que isto influencie na grandeza de um time, mas Peter não tem o perfil de quem se apaixona por alguma coisa sem ganhar nada em troca. Muito pelo contrário. Ele tem o jeito de quem torce para um time somente para tirar vantagem das conquistas dele. Porém, o Atlético não é, claro, de se jogar fora. Algo me diz que Peter se encantaria por Dadá Maravilha, e tentaria, até, parar no ar que nem ele.

Para o Cruzeiro?




Se o Atlético não ganha títulos importantes há bastante tempo, o Cruzeiro ganhou a Libertadores pela segunda vez na história em 1997 – a primeira foi em 1976. E Peter adoraria contar vantagem sobre isso. Porém, por ser um time fora do eixo Rio - São Paulo, o Cruzeiro não tem uma das maiores torcidas do Brasil, e isto poderia envergonhá-lo.

Para o Flamengo?



Não é difícil de imaginar o Peter com a camisa do Flamengo. Ele ornaria bem até com as cores! Porém, do mesmo modo com que se sentiria ridículo por torcer por um time de torcida relativamente pequena, ele teria vergonha por saber que o time dele é o mesmo de 32 milhões de pessoas.

Mas eu não sei. É você que sabe! Vote na enquete, que daqui a uma semana teremos o resultado. Meu palpite? Não sei.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

9 - Qual seria o time dele?

Este blog está a todo vapor. Se antes eu postava um texto por semana, agora são dois! E se antes não havia idéias novas durante um mês inteiro, agora temos uma idéia nova por semana. Isto não é fantástico? Eu estou muitíssimo empolgado.

A idéia nova da semana envolve a participação do público.

O leitor já deve ter notado que há neste blog uma imensa curiosidade em se descobrir os times daqueles que não vestem a camisa todos os dias. Para essas pessoas costuma ser fácil descobrir. Basta perguntar. Mas agora quero ir além. Quero descobrir o time daqueles que não podem jamais são perguntados por três motivos:

1 – São personagens fictícios.

2 – Já morreram.

3 – São americanos.

Qual seria o time daquele personagem de quem tanto gostamos ou odiamos? Para que time torceria aqueleque teve o desprazer de morrer antes de o futebol ser inventado? E que time escolheria torcer a personalidade americana?

Aqui cabe um parêntese. É claro que seria possível descobrir o time de um americano. Bastaria perguntar – em inglês. Porém, aqui inauguro também uma campanha neste blog: só falaremos palavras em inglês a partir do momento em que os americanos adotarem football para o que esta palavra realmente quer dizer, futebol. Enquanto o futebol de lá for chamado de soccer (soccer será a única exceção, a palavra em inglês que falaremos neste espaço), não poderemos falar na língua deles, portanto não poderemos perguntar aos americanos para que time eles torcem.

A escolha do time será por enquetes. O time que tiver mais votos, ganha. Por enquanto, por termos poucos leitores, a eleição se dará em turno único. Daqui a alguns dias, quando os interessados por este blog passarem dos milhões, teremos dois turnos.

Peço encarecidamente para que votemos no time que mais se enquadre na personalidade da personagem em questão, não no time que seja o escolhido de nosso coração. Também ressalto que não é necessário conhecer a figura para escolher o time. Eu explicarei sempre um pouco de nosso personagem, e os leitores terão uma base minimamente confiável para eleger o time mais adequado.

8 - Para usar a camisa do time do coração


Na última semana, li duas notícias que se entrelaçaram. Uma diz que o Flamengo quer alcançar a meta de um milhão de camisas vendidas neste ano. A outra, dando conta de que o chefe da polícia carioca, o rubro-negro Alan Turnowski, proibiu a apresentação de criminosos com o manto do Flamengo. Ora, isto nos mostra que sabemos, sim, como comprar uma camisa da equipe do nosso coração; mas estamos longe de saber como usá-la.


Quando se usa a camisa do time do coração, é preciso agir como se estivesse sempre ao lado da mulher amada. Por isso, é proibido falar palavrão. Assim como a mulher se ruborizaria ao ouvir a palavra feia da boca do amado, o time escolhido se envergonharia de um torcedor que diz obscenidades enquanto o representa.

Também não é permitido ocupar o lugar dos velhinhos nos ônibus e metrôs, quando se está com a camisa do time amado. O velhinho irá dizer: - “Olha lá, o flamenguista! Que safado!”. E irá ele, pessoalmente, rogar pragas que somente elas explicarão por que aquela bola aos 47 minutos não entrou após resvalar no zagueiro e bater nas duas traves.

Quando se está com a camisa do time amado, é lícito olhar as mulheres somente da cintura para cima, pulando os peitos - mas dê um jeito de não parecer afeminado. As mulheres que têm o seu corpo desrespeitado irão achar que sua paixão futebolística existe só porque é um mal amado. E o desdenhará propositalmente, caso torça pelo time rival. E se torcer por seu time, pior ainda, pois você terá desejado alguém que com você se une por um laço fraternal.

Também não se pode comer macarrão à bolonhesa com a camisa do time amado – a não ser que seja colorado. Imagine o gremista com a marca do molho na camisa? É pior do que marca de sangue na roupa do bandido, ou marca de batom alheio na camisa do namorado. Só são toleradas as comidas limpas e balanceadas, enquanto se enverga o manto. Até porque, não é permitido arrotar e soltar pum, mesmo que torça pelo Palmeiras. Imaginem dizendo: - “É um porco, mesmo!”?

O ladrão que sair para roubar, deve usar qualquer camiseta, menos a do time do coração. E mesmo se surgir a ocasião, e ele esteja desprevenido, vestindo num dia qualquer o manto sagrado, o roubo deve ser abortado, mesmo que por isso se perca um grande numerário.

Quando se veste com a camisa do time amado, o sujeito não representa só a si. E por qualquer delito que cometa, não responderá por Pedro, José, Roberto, Fernando. Será o flamenguista, o palmeirense, o cruz-maltino, o colorado.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

7 - Times dos famosos - Leão Lobo

O teste em mp3


Leão Lobo é a primeira celebridade a se submeter a este teste, que mede a assiduidade dos famosos em relação do time. Ele se saiu bem, e é, até agora, o primeiro colocado!

1 – Tem camisa do time?
Resposta: Tenho todas!

Comentário: Leão foi efusivo e taxativo. Como se não bastasse possuir um manto para se usar de vez em quando, ele afirmou que tem vários, ou melhor – todos! Isto demonstra não somente um gosto pela camisa do time, como também um fetiche consumista insaciável. Um ponto com louvor.


2 – Usa o manto no dia seguinte a uma derrota?
Eu usaria.

Comentário: A princípio, parece ser esta a resposta correta. Leão diz que usaria, ok, mas o tempo verbal no futuro do pretérito demonstra que ele nunca usou. Ele usaria se surgisse uma oportunidade – que ainda não veio. Meio ponto para Leão.


3 – Lembra-se de uma escalação do século passado?

Não! Eu nunca me preocupei com essas coisas.

Comentário: Leão não demonstra nenhum constrangimento ao admitir que não se preocupa com coisas desse tipo. É por isso que ele jamais será um xiita.


4 – Freqüenta o estádio?
Ah, sempre que posso!

Comentário: Claro que é importante ir ao estádio sempre que pode. Mas o fundamental é criar as oportunidade para ver o time ao vivo. “Sempre que posso” demonstra que pode haver muitas outras coisas na frente do time do coração. Meio ponto.


5 – Quanto foi o último jogo do time?
Quanto foi? 2 a 2. Hehehehe

Comentário: Correto. O Palmeiras havia empatado com o Sport em 2 a 2 na noite anterior.



6 – Costuma dizer que é torcedor do time?
Ah, sim. Aliás sou muito elogiado na TV por assumir. Eu assumo tudo, meu partido político, minhas posturas políticas, assumo meu time, minha sexualidade. Não assumir uma coisa na vida, é uma grande bobagem. Mesmo se eu fosse um comentarista esportivo, eu diria: olha, sou palmeirense. Mesmo assim, eu adoro o Neto. Eu adoro. Nunca foi do Palmeiras, nada disso.

Ele já foi. Ficou pouquíssimo tempo.

É verdade. Começou no palmeiras. Ele é do Corinthians, né? Adoro, adoro ele pela postura dele. Acho divertido. Adoro gente que tem humor. Acho que não tem essa problema não.

Comentário: Leão vinha muitíssimo bem, demonstrando uma personalidade incisiva e segura sobre todos os aspectos da vida, quando esbarrou numa falta de conhecimento enciclopédico. O Neto foi, sim, jogador do Palmeiras. Ele chegou ao clube no final dos anos 80, e em 89 foi trocado com o Corinthians. O Palmeiras cedeu Neto e Denys, e o Corinthians, em troca, ofereceu Ribamar. Pelo erro, Leão perde meio ponto.


7 – Torce para o time desde criança?
Desde que me entendo por gente.

Comentário: Leão jamais hesitou na escolha clubística. Sua paixão pelo Palmeiras tem laços familiares profundos. Porém, sua resposta dá margem a interpretação dúbia. Uma pessoa costuma a se entender por gente aos seis, sete anos. Antes disso, ele era o quê? Perde meio ponto por isso.


8 – Torce contra o rival?
É. Dependendo, se for favorecer o palmeiras, eu torço contra aquele que tem que perder para favorecer meu time, claro. Mas vou te dizer uma coisa. Tenho muita simpatia pela torcida do Corinthians, por essa energia que eles têm. Por essa garra. Coisa que não se vê pela torcida do santos, pela portuguesa. Eu acho um absurdo. Somos todos descendentes de portugueses e temos essa vergonha de torcer pela portuguesa, né. Eu sou vascaíno no rio.

Comentário: Aparentemente Leão mereceria perder meio ponto, por ter elogiado a torcida corintiana. Porém, isto demonstra segurança clubística. Ele consegue elogiar os rivais sem perder o estilo. Mas é ao dizer que tem um clube no Rio de Janeiro que ele perde meio ponto. Quando se escolhe um time, se faz um laço tão profundo quanto o laço matrimonial. É na saúde, na tristeza, na alegria, na bonança, em São Paulo e no Rio de Janeiro!


9 – Se o time perde, fica mal humorado?
Perco, perco. No primeiro momento, eu fico bem chateado. Por quanto tempo? As vezes 1hora, 2 horas. Eu fico racionalizando. Tudo bem, faz parte, o futebol é isso, né. Por isso que eu entendo até que exista violência no campo. Existe, se a pessoa não for muito esclarecida, é muito complicado.

Comentário: Leão, além de responder corretamente, descreveu com perfeição os sentimentos de um torcedor apaixonado após um revés. Ponto com louvor.


10 – Qual é o nome do presidente do palmeiras?
É o Belluzzo! Luiz Gonzaga Belluzzo, né?

Comentário: Questão muito simples. Palmeirense que não sabe quem é Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo deve ser corintiano. Ponto.


11- Suposição. Se tivesse uma pessoa doente no hospital e na mesma hora um jogo do palmeiras. Você iria ao estádio?
Não, aí acho que não. É uma questão de bom senso, né. Mas se pudesse ver um jogo no hospital!...

Comentário: Resposta perfeita de Leão Lobo. Esta é uma pegadinha para o famoso que quer impressionar e responde que vai ao jogo a qualquer custo. Um clube de respeito não desejará jamais que um torcedor seu abandone um ente querido em um momento importante. Isto, até, desonraria, no caso, o Palmeiras. Pontíssimo para Leão.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

6 - Sete quilômetros e meio com Leão Lobo

A entrevista em mp3

Muita gente pensa que, por este ser um blog sobre futebol, só os boleiros podem ler. Esta nova série, de entrevistas com famosos aleatórios, mostrará que, assim como não é preciso conhecer futebol para falar dele, não é preciso entender de futebol para ler sobre ele. O Leão Lobo é uma prova disso.

Quando disse para ele o assunto desta entrevista, ele se empolgou a ponto de exibir aquela risadinha exclusiva para os melhores boatos – “Boatos, não. Histórias, mesmo!” Mas ele me alertou. Disse que não entende nada sobre o assunto. “Mas Leão, é por isso mesmo que quero entrevistá-lo!”.

Cheguei na Record no horário combinado. 11 horas da manhã. Mas era dia de gravação, e ele só pôde me atender 20 minutos depois. O atraso não me atrapalharia, mas havia outros dois jornalistas que teriam que dividir a entrevista comigo. Se já é complicado realizar uma boa entrevista com um leigo, eu estaria lascado se tivesse que dividi-lo. Leão avisou que teríamos que entrevistá-lo no carro, pois teria que seguir a uma produtora. Melhor para mim: os outros dois jornalistas estavam de carro, e não poderiam apanhar a carona.

Saindo da Record, Leão tomava a iniciativa de cumprimentar a todos que encontrava – fosse gente conhecida ou não. Isto não servia somente para aqueles que percebiam a presença de Leão e tinham vergonha ou receio de cumprimentá-lo. Servia principalmente para Leão não passar despercebido por aqueles que, por qualquer problema na visão, não o tivessem notado.

Entramos no carro preto, espaçoso, confortável e luxuoso que o estava esperando, e foi Leão quem abriu a porta para mim. O ar-condicionado convinha, pois fazia mais de 30 graus. E assim que me sentei no banco de trás e Leão no passageiro da frente, fui apresentado a Márcio, o motorista. Ele fez o favor de baixar o rádio, sintonizado em alguma dessas rádios chiques. E começou a entrevista que durou sete quilômetros e meio: da Record, na Barra Funda, até a Alameda Santos, na altura do Itaú Cultural, na Vila Mariana.

Leão mostrou uma surpreendente desenvoltura para falar sobre futebol. Ele revelou alguns conhecimentos pouco óbvios, como saber que Zetti já foi jogador do Palmeiras, e assumiu publicamente que detesta o Kaká. Isso, porém, não é tão surpreendente assim para quem já assumiu que é gay. Mas tudo, tudo o que Leão diz resvala sempre em algum famoso, alguma celebridade. A sensação é a de que, para ele, qualquer história, por mais banal que seja, ganha um brilho inesperado quando toca, mesmo que minimamente, alguma celebridade.

Vamos à entrevista.

Eu não sou Mané, Garrincha!: Como começou a torcer pelo Palmeiras?

Leão Lobo: Eu torço para o Palmeiras porque meu avô é italiano. Ele era da Calábria, aí ele era palestrino. Então influenciou muito a minha irmã, que era apaixonada pelo meu avô. Aí ela virou palestrina, também. E eu, apaixonado pela minha irmã, também. Quer dizer, era o time da minha irmã, então devia ser bom. Aí me apaixonei, comecei a acompanhar as histórias. Tinha aquele pintadinho, o Ademir da guia. Tive uma boa época de Palmeiras!

Mané: Hoje em dia você ainda se importa?

Leão: Ah, me importo. Acho que mais hoje do que naquela época. Talvez até porque o futebol tenha ficado cada vez mais importante na vida das pessoas. Torço muito e tal. Participo. Às vezes eu tenho uma sensação de que é tudo armado. Como escrevo sobre artistas, celebridades. Às vezes eu vejo que tudo é armado. De repente o cara deixa fotografar a festa do filho, e depois reclama que tinha alguém que invadiu a sua festa. Na verdade você vê que a foto que foi feita não era uma foto amadora, foi uma foto produzida. Então era mentira que invadiram e publicaram sem autorização. É tudo armado e tal. Aí você começa a desconfiar se os jogos não são armados. E você começa a ouvir essa história de mala, que deram mala pro jogador para vencer tal jogo contra outro time... Acho que isso tira completamente a graça. Se for armado, não tem por que a gente torcer. A vida perde o sentido com a mentira!

Mané: Já foi ao Palestra?

Leão: Já. Eu gosto muito. Já fui até sócio. Agora não sou sócio, mas já fui sócio do palmeiras.

Mané: Então você é gay e torce pelo Palmeiras. Como é essa história de que só são-paulino que é gay?

Leão: É histórico que os são-paulinos passavam pós de arroz no rosto, como os tricolores do rio. Por um acaso, é uma coincidência. Porque tinha jogadores negros e não podiam ter jogadores negros. Era um preconceito que gerou outro preconceito. Eles passavam pó no rosto para entrar, né? Por isso eles passavam pó de arroz. Isso é uma grande bobagem, também. Não é por aí, né?

Mané: Há algum tempo, um dirigente do Palmeiras insinuou a homossexualidade de Richarlyson, e sofreu uma queixa-crime. O que você pensa disso?

Leão: Não estou falando do Richarlyson. Mas eu acho que as pessoas têm todo o direito de ficar no armário. Agora, eu acho um desserviço para alguém que for homossexual e que não assume por causa do futebol, por causa do dirigente, por causa do time. Assim como artistas, galãs de novela, apresentadores, não assumem. Eu acho que é igualmente ruim pra eles. A pessoa só está fazendo mal para si mesma. Está deixando de viver por causa da profissão. Deixando de viver. Deixando de ser um pouco mais feliz do que poderia ser se fosse mais livre. Por causa dos outros. Eu já fui até acusado de ficar querendo que todo mundo seja gay. Não. Eu quero que as pessoas sejam felizes. Eu fico triste quando descubro que alguém vai fazer uma novela e a emissora não deixa ele assumir, porque está num estágio da carreira que não pode. Que o patrão fez um acordo com ele, para ele nunca revelar que é gay. Então o cara casa, tem filhos, ele se faz infeliz, faz outras pessoas infelizes. Eu acho uma grande bobagem, um grande desserviço. Estamos no século 21 e não temos mais tempo para brincar disso. É uma coisa imbecil.

Mané: Se você fosse jogador, assumiria que é gay?

Leão: Eu falaria, porque eu falei num campo que é difícil, que é a TV. Acho que eu sou o único que assumiu. Nem o Clodovil assumiu publicamente. Ele fazia aquela mise em scène toda, mas não assumia. Mas não precisava, né? Assim como eu talvez nem precisasse, mas eu assumi numa boa. Fui o primeiro no Brasil e acho que continuaria assumindo. Enfim, acho uma grande bobagem.

Mané: Há outros jogadores que você saiba que são gays?

Leão: Muitos, muitos. Técnicos também, né? Inclusive técnicos pedófilos. Agora, não estou aqui para ficar entregando ninguém. É da consciência e responsabilidade de cada um, né? Eu já tive contato com jogador por causa do programa de TV. Eles são celebridades. Eles fazem parte da minha preocupação, também. Eu não estou preocupado. Para mim interessa o que ele joga em campo. Que ele seja feliz! Acho que o cara joga melhor quando é mais livre, mais feliz.

Mané: O que você acha do outro Leão – o técnico?

Leão: Arrogante.

Mané: E do Dunga?

Leão: O dunga é um batalhador. Eu acho que é um cara que é estrategista. Só de ele ser uma pessoa que segue o Felipe Scolari, que eu amo, já acho que ele é legal.

Mané: Você gosta do Felipão porque ele era do Palmeiras?

Leão: Porque era do Palmeiras, e porque já o conheci pessoalmente. Acho um caráter maravilhoso. Como eu achava aquele professor que morreu. Que eu não vou me lembrar o nome. Se você falar, até me lembro.

Mané: O Telê?

Leão: Telê Santana, né. Que eu achava uma pessoa seriíssima, e tive muito respeito por ele. Embora ele nunca tenha sido do palmeiras, não me lembro.

Mané: O Telê já foi. Umas duas vezes, eu acho. (Telê treinou o Palmeiras em 1979, com muito sucesso, embora sem título algum. Depois, em 1996, chegou a assinar contrato com o Palmeiras, mas problemas de saúde o impediram de assumir.)

Leão: Chegou a ser, né? Eu gostava dele, achava ele bacana e tal.

Mané: E do Muricy?

Leão: Eu gosto do Muricy. Acho que ele pressiona muito os jogadores, às vezes. Isso eu via no São Paulo e vejo agora no palmeiras. Como ele pressiona demais, acho que às vezes o rendimento cai de medo. Porque ninguém funciona na base do medo. A impressão que me dá é que é desconfortável, que ele exige demais. Com algumas pessoas pode até funcionar isso, com outras acho que não.

Mané: Com você funcionaria?

Leão: Não, porque eu já me cobro demais. Então alguém que me cobre demais assim, não funciona. De jeito nenhum. Isso falo no meu trabalho, mas imagino que se estenderia para o futebol também.

Mané: Luxemburgo?

Leão: Eu acho ele muito exibido. Lembra um pouco o Leão, mas menos arrogante. Um pouco menos arrogante. Mas tão exibido quanto. Acho que ele quer aparecer mais que os jogadores. Claro que o treinador é importantíssimo, mas a estrela mesmo em campo é o jogador. Tem que ser o jogador.

Mané: E o Ronaldo no Corinthians?

Leão: Antes de qualquer coisa, o Ronaldo é uma estrela. Eu nem sei dizer se ele joga bem. Porque ele vai lá e faz. Ele tem uma estrela mesmo, né? Às vezes ele nem está jogando bem, e chuta certo. É um fenômeno mesmo, né? Geniozinho, assim.

Mané: Se estivesse passando uma partida de futebol ao mesmo tempo que uma novela. Qual você assistiria?

Leão: Eu fico entre os dois. Eu amo novela. Não é que eu ficaria. Eu fico.

Mané: Você conhece muitos boatos sobre jogadores de futebol?

Leão: Muitos. Boatos, não. Histórias, mesmo. E às vezes também alguns boatos. Eu tenho que selecionar. Conheço jogador que teve caso com ator. Jogadores que saíram com atrizes. Já teve uma história muito engraçada, que disseram que um jogador que ia casar com uma moça dessas ... De ocasião, né? Nem conto, que hoje ela tá casada com um cantor. Ela ligou para tirar satisfação, que eu tinha falado alguma coisa. Ele estava enrolando, porque ele ia embora do Brasil. Ela falou: “Fala aqui com ele”. Eu falei: “Pô! Você para de enrolar a moça, que você não vai casar!”. Tinha alguns dias pra terminar o contrato e ele ir embora do Brasil. E ele: “Pô, cara, não estraga a minha!”. Aí o telefone voltou para ela, e ela falou: ”A gente vai casar, sim!” É, realmente. Passou uma semana e ele foi embora do Brasil. Foi para a Espanha.

Mané: O que você acha de mulheres jogando futebol?

Leão: Acho interessante. Tem vários talentos, sim. Às vezes elas são melhores que os homens, inclusive. Às vezes acho o futebol feminino mais organizado. Sabe o que eu acho legal? A sensação que me dá é que elas trocam mais entre elas. É mais um time! Essa noção de time. Elas realmente têm essa coisa de “vamos prestar atenção na outra, vamos passar a bola uma para a outra”. Às vezes as jogadoras até não brilham tanto individualmente porque elas têm mais essa noção de equipe.

Mané: Que celebridades gostam muito de futebol?

Leão: Adriane Galisteu, minha amiga que sei que é palmeirense. O Chico Anysio eu sei que gosta muito. O Henri Castelli, que é apaixonado pelo futebol e pelo São Paulo. O Dan Stulbach, que até escreve de futebol.

Márcio, o motorista: O Lula!

Leão: Ah, o Lula! O presidente, claro. Que é corintiano e gosta de falar dessas coisas. Tudo ele compara com futebol. Aliás, acho acertadamente, porque é uma linguagem que é próxima do povo. Então acho bem legal.

Mané: De que jogadores você mais gosta?

Leão: Tem um jogador preferido pelo caráter, dignidade pelo que ensina em campo para as pessoas. É o Marcos. Eu tenho antipatia, não porque não é do meu time, que é pelo Rogério Ceni. Que é arrogante, tolo. Quer ensinar, mas não se ensina com arrogância. Acho que o Marcos ensina com humildade. Acho essa a grande diferença. Acho um grande goleiro. Pode ter problemas, mas é um grande profissional. Ele é muito fantástico. Outra pessoa - sem nenhum tipo de afetação nem nada, né? - era o Zetti, que era goleiro do Palmeiras, mas era uma pessoa incrível. Gosto do Denílson, com toda a malandragem, toda a safadeza dele. Acho incrível, porque acho divertido, alegre. Ele tem uma coisa assim, como figura mesmo, né? Ele é agradável e tal. Uma outra pessoa que eu gosto, que acho que ensinou muito o Brasil com toda a malandragem dele, é o Romário. Como grande jogador. (Outro que) adoro até pela alegria, teve uma fase ruim, mas está voltando aos bons tempos, é o Ronaldinho Gaúcho. DETESTO o Kaká. Acho um falso. Falso, mentiroso. Nada a ver com a religião dele. É que é tudo tão artificial em torno dele, que eu não acredito.

Então Márcio estaciona na Alameda Santos, o destino de Leão. Eu digo o endereço do blog, ele não entende direito e pede para mandar por e-mail. Despedimos-nos.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

5 - Times dos famosos

Hoje anuncio que este blog terá uma nova seção: Times dos famosos.

Ela surgiu de um péssimo hábito que tenho. Sou palmeirense, e sempre que vejo na televisão um famoso que também torça por meu time, digo para quem estiver perto: “Este é palmeirense! Este é!”. Ninguém gosta de ouvir, creio eu, porque ninguém sabe que famoso torce para seu time.

Então esta seção é para desvendar o único segredo das celebridades que nos interessa – a preferência clubística.

O mais interessante, porém, será que eu falarei com os famosos, e darei uma escala do fanatismo que ele nutre pelo time do coração. Porque de nada adiantaria o famoso torcer para um time passivamente. E teremos uma nota – que irá de 1 a 11. Eis os critérios:


1 – O famoso tem camisa do time? (1 ponto)

Creio que para uma pessoa comum, ter ou não ter a camisa do time do coração em nada influi em seu fanatismo. Porque não é todo mundo que pode pagar os preços exorbitantes que as marcas cobram para podermos tornar visível o que há dentro da gente. Porém, sabemos que as pessoas famosas são ricas. Então, para elas, ter a camisa de R$150,00 é somente uma opção.


2 – Ele usa o manto no dia seguinte a uma derrota? (1 ponto)

Torcer para um time não traz somente alegrias. Muito pelo contrário! O fanático sabe que escolher um time é, antes de tudo, ter algo por que sofrer. Se o time trará alegrias ou não – ou seja, se a equipe retribuirá o amor com glórias -, é um mero detalhe. Além do mais, vestir o manto pode ser somente uma tendência da moda. Pior: aquele que veste o manto de um time vencedor pode estar somente tirando proveito das vitórias conquistadas. Então, vestir a camisa do time derrotado trará um ponto extra à nossa celebridade.


3 – Ele se lembra de uma escalação do século passado? (1 ponto, sendo que haverá o acréscimo de um ponto a cada década que se passa. Outro ponto extra se o famoso disser uma escalação completa que seja anterior a seu nascimento.)

Saber valorizar aqueles que fizeram a história de um clube é um ponto de caráter que deve ser altamente valorizado. Aliás, é dever de todo torcedor exemplar lembrar sempre – mesmo que fora de contexto – os jogadores históricos e esquecidos.


4 – Ele freqüenta o estádio? (1 ponto. 1 ponto extra àquele que vai às partidas fora de casa)

Quem freqüenta este espaço sabe que há uma indiscutível e enorme diferença entre o futebol e a transmissão dele. E o futebol puro e real é aquele do estádio. A transmissão dele é coisa para freiras ou anticéticos.


5 – Quanto foi o último jogo do time? (1 ponto)

Não adianta torcer para o time e não acompanhá-lo. Esta questão vem muito a calhar porque mostra se o famoso se relaciona cotidianamente com o time do coração.


6 – Ele costuma dizer que é torcedor do time? (1 ponto)

Para torcer realmente para uma equipe é preciso exibir o amor que nutre por ela. Assim como a pessoa apaixonada gosta de falar a todos, sem o menor contexto, o nome da pessoa amada, o torcedor convicto fala do time sempre, à toa.


7 – Torce para o time desde criança? (1 ponto. Caso contrário, perde 1 ponto por década perdida)

Sabemos o quão artificial é o torcedor que escolheu o time após a tenra infância. Ele perdeu momentos importantes para o desenvolvimento de uma paixão. Não há, na recordação dele, aqueles jogos surreais floreados pela imaginação distante, como só alguém que torce para o time desde criança é capaz de ter. Torcer para um time depois de velho é como começar a fumar aos 30, perder a virgindade aos 40, ou usar chupeta aos 50.


8 – Torce contra o rival? (1 ponto)

Torcer para um time não é só torcer para o próprio time. Cerca de 49% de uma paixão clubística se dá pela torcida que se tem contra o rival. Secação, mesmo. Quem não torce contra o rival certamente não torce para o próprio clube como deveria.


9 – Se o time perde, fica mal humorado? (1 ponto)

Há torcedores que se vangloriam de manter o humor intacto após o maior dos revezes do próprio time. Ora, só é possível sentir uma grande alegria futebolística após uma grande tristeza! Por isso é preciso tratar bem e valorizar o mal humor após as derrotas. Eles dignificam a alegria gratuita da vitória.


As questões restantes (10 e 11) são específicas para cada clube ou famoso. Presidente do time, maior artilheiro, jogos memoráveis... Ou então questões específicas que caracterizam uma verdadeira paixão por um clube. Estas perguntas também valerão um ponto.

Ao fim, teremos um coeficiente, que classificará a celebridade entre os tipos de torcedor:

De 0 a 3 pontos – torcedor passivo. Ele só diz que tem um time quando é perguntado porque todo brasileiro precisa de um.

De 4 a 7 pontos – torcedor mediano. Este torcedor conhece pontos importantes de seu time, mas não vai a fundo. Ele pensa em outras coisas durante o dia, como em alimentação, sexo e família.

De 8 a 10 pontos – torcedor fanático.
Ele não espera que o time vá até ele. É ele que vai até o time. Ele sabe se colocar abaixo da equipe de coração, e amá-lá acima de todas as coisas. Porém, por limitações pessoais – ou preguiça mesmo – não tem o conhecimento enciclopédico necessário para ser um xiita.

11 pontos – torcedor xiita. Este torcedor vê o time acima de Deus. É aquele que sabe que o verdadeiro orgasmo é o gol. Aliás, uma relação sexual, para ele, está muito abaixo de uma partida de futebol.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

4 - Gritos de torcida – Flamengo, “O time do São Paulo só tem veado”

Eu não sei por quê, mas o São Paulo tem a fama de ser um time de homossexuais. E ela - a fama - aumentou quando o São Paulo contratou o Richarlyson.

O Ricky nunca admitiu, mas todos sabem que ele é gay. Ou talvez seja melhor não falar isso, porque uma vez um dirigente palmeirense insinuou a homossexualidade de Richarlyson e recebeu um processo por isso. Eis aí uma coisa importante: o Richarlyson acha que isto é uma ofensa, para ser motivo de processo?

E as torcidas? Elas preferem um volante ruim e heterossexual do que um bom que seja gay? A torcida do São Paulo prefere o heterossexual ruim. É por isso que ela não grita o nome do Richarlyson, mas exalta o Jean, por exemplo. Vai entender.

Se a torcida do São Paulo cala o nome do Richarlyson, a torcida do Flamengo tem até grito de guerra com o nome dele. Mas não pense que os flamenguistas são menos homofóbicos por isso.

Em 2007 o São Paulo era líder e jogava contra o Flamengo no Maracanã. Cinquenta e nove mil e nove pessoas foram ao estádio e cantaram:

"O time do São Paulo só tem veado,
E o Aloísio come o Richarlyson."



Não sei o que pode ser mais assustador do que cinquenta e nove mil e nove pessoas entoando um grito homofóbico. Talvez sessenta mil e seis japoneses fazendo polichinelo. Ou então sessenta e um mil e um chineses tomando água quente no verão. Sei lá. Assim, é claro que o Flamengo ganhou: 1 a 0, gol de Ibson.

Mas o Aloísio saiu do São Paulo no começo do ano passado, e quando o Flamengo recebeu o time paulista, aquele grito não faria mais sentido, por isso não houve insultos. Deu São Paulo: 3 a 2.

Porém, neste ano, 2009, eles mudaram a letra do grito. Substituíram Aloísio por Dagoberto.

"O time do São Paulo só tem veado,
E o Dagoberto come o Richarlyson."



Aí é claro que o Flamengo ganhou novamente: 2 a 1, com um gol espetacular de pênalti do Pet.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

3 - O torcedor da Portuguesa

Você percebe que seu time está se apequenando quando, ao dizer que torce por ele, a pessoa pergunta por quê.

Sabemos que torcer por um time nada tem a ver com critérios objetivos. Meu irmão torce pelo São Paulo por causa do meu avô materno. Eu torço para o Palmeiras por causa do meu pai, que torce pelo Palmeiras a despeito do meu avô paterno, o pai dele, torcer pela Portuguesa. Este meu avô torce para a Portuguesa porque é português. O irmão dele, o Jaime, torce pelo São Paulo, apesar de já ter sido dirigente da Portuguesa e também ser português. O Jaime é casado com uma mulher que é palmeirense, que torce pelo Palmeiras porque gosta de verde, e o nome dela é, acredite, Rosa.

Mas eu vou falar do Paulo, uma pessoa que, assim como meu avô paterno, torce pela Portuguesa. Ele não tem motivo nenhum para isso. O pai dele é assexuado: não torce para time nenhum. A mãe é uma corintiana passiva, por causa dos irmãos. E o Paulo adotou a portuguesa.

Desculpe interromper, mas há duas formas de se torcer para um time. A primeira é biológica, quando escolhemos o time de nossos pais ou avós. O gene do time pode repetir a geração, quando repetimos o do pai; ou pode pular uma geração, quando torcemos pelo do avô. Pode ser que ele pule várias gerações. É o caso de quando torcemos pelo time daquele nosso parente distante.

Mas podemos também adotar um time. É quando não há nada nem ninguém que nos leve a torcer por um time, e mesmo assim o escolhemos. E não pense que é por ele ser melhor, mais competitivo ou atraente. Escolhemos por compaixão. Aliás, podemos até escolhê-lo por ele ser o melhor e mais atraente. Mas é como amar uma mulher que é só bonita: E daí? A adoção mais digna é aquela de quando não se olha para qualidades. As qualidades ou defeitos se tornam apenas características daquilo que a gente gosta, daquilo que a gente ama. É assim que Paulo escolheu a portuguesa.

Quando o conheci, ele me contou logo que torce pela Portuguesa. Eu, como quem não tem medo, perguntei o por quê dessa opção. Ele não entendeu:

- Como, por quê?

Eu percebi neste momento que a minha pergunta foi tão estúpida como se perguntasse a uma mulher por que ela adotou justamente a criança mais feia, ou a que estava doente. É verdade: assim como o amor entre duas pessoas feias pode ser muito mais bonito, a relação de um torcedor com um time ruim também é muito mais bela.

Não que a Portuguesa seja ruim. Que isso.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

2 - Gritos de torcida - Botafogo, "E ninguém cala esse nosso amor"

Sábado eu andava pela avenida Presidente Wilson, quando um sujeito conhecido parou-me na rua:

- Olá, André! Me diga uma coisa. Seu pai é juiz?

- Não, não, por quê?

- Ah... E seu tio? Seu tio é juiz, né?

- Não!

- Então seu avô só pode ser juiz!

- Não conheço nenhum juiz, meu Deus!

- Então por que você só fala de juiz no seu blog?!

Poxa vida. Eu expliquei que não tinha nenhuma predileção pelo tema. Acontece que nos últimos dias estava fazendo uma matéria sobre juízes para uma revista. Coletei várias histórias, e algumas delas não possuem identificação de ninguém, e teriam que ser descartadas. Ora, justo as melhores! Para não descartá-las, resolvi publicá-las aqui no blog.

Mas agora ninguém aguenta mais falar sobre juízes. Ainda bem, porque eu não tenho nada mais para falar sobre isso.

Hoje eu iniciarei um tema novo. Colocarei aqui gritos de torcida do Brasil e, por que não?, do mundo. Não seguirei nenhum critério específico. Pode ser que tenhamos, por coincidência, vários gritos da torcida do Palmeiras, enquanto o Corinthians fique à margem por várias semanas. Isto será, repito, coincidência. Porque não quero seguir uma ordem. A única ordem será artística. E o que um leitor de futebol tem a falar sobre arte?! Hein?!



Começaremos com um grito muito bonito da torcida do Botafogo. Nada mais justo, porque este blog usa o nome do Garrincha no título, e até agora o time mais azarado do Brasil não foi sequer citado neste espaço! Aliás, a injustiça com o Botafogo é maior ainda, porque com a ajuda do Photoshop, tirei o símbolo do Botafogo que estava na foto do mané que eu utilizei para o template ali em cima.

A letra não é extensa. Na verdade, são somente três versos. Creio que esta é a melhor fórmula para um bom grito: poucos versos. Porque para a massa cantar em uníssono enquanto assiste a uma partida, a letra tem que conter somente o essencial. Senão o grito dispersa. Ou então o time adversário tira proveito daqueles que se preocupam mais em cantar do que em zicar!

O grito começa sem letra, como se fosse comum. Mas o resultado é muito bonito e peculiar. Depois, há a seguinte letra, no mesmo ritmo que até então era só cantado:

"E ninguém cala esse nosso amor,
E é por isso que eu canto assim,
É por ti, Fogo."

Vejam o vídeo:



Alguém duvida que se o Botafogo cair para a segunda divisão, o slogan da volta à série A será "Ninguém cala esse nosso amor"?

Mas a vida do botafoguense é muito mais complicada do que a minha e do que a sua. Assim como a torcida do Flamengo é muito mais criativa do que a minha e do que a sua. Após a eliminação do Botafogo do campeonato carioca do ano passado, quando o presidente e o time inteiro do Botafogo vieram a público reclamar da arbitragem, os rubro negros começaram a cantar em seus próprios jogos:

"E ninguém cala esse xororô,
Chora o presidente, chora o time todo,
Chora o torcedor!"

Assim:

terça-feira, 3 de novembro de 2009

1 - O juiz adúltero

Essa história é verídica, assim como todas as outras deste blog. Eu só não digo o nome das pessoas envolvidas porque não sei.

Foi o Vagner Tardelli que me contou.

Diz ele que um juiz quis se exibir para a nova namoradinha, e a levou para vê-lo apitar um jogo importante. Tudo bem que haveria outras formas para ele se exibir, mas qual é a gatinha que não ficaria gamada ao ver o namorado mandando naqueles que ela só assiste pela TV?

Para se mostrar, o árbitro foi rigoroso como nunca. E a moça ficou chocada. Como aquele homem que passa de cabeça baixa até do lado de um mendigo pode ser tão soberbo e confiante quando se veste de preto e tem um apito não mão?! Neste dia ele deu amarelo até para o jogador que lhe pedia desculpas. O prazer que o atacante sente ao marcar o gol foi o mesmo que ele experimentou a cada expulsão, e conheceu um sadismo que até então lhe era ignorado. Posso dizer que se os bandeirinhas não tomassem cuidado, haveria neste dia a inédita expulsão de um auxiliar!

Mas tanto rigor não poderia passar incólume. Para piorar a situação, houve empate, para ninguém sair satisfeito. A torcida revoltou-se, assim como os jogadores e técnicos. O nosso árbitro só conseguiu sair de campo com a ajuda da polícia, porque a confusão era, desculpe, generalizada – mas mesmo assim tomou uns justos safanões.

A imprensa, no afã de conseguir as melhores declarações e os mais diferentes pontos de vista, entrevistaram a nova namorada do árbitro, que eles não sabiam que era a culpada de tudo isso. E ela assim se apresentou, oras: a namorada do juiz.

Como eu já disse trocentas vezes, a vida de juiz não é fácil. Se fosse, não seria juiz e não se vestiria de preto. A moça não era uma simples namorada. Não. Era amante. Nosso juiz era casado, e a esposa também o assistia, mas pela TV, em casa. E assim ela viu a moça, mais nova e mais bonita do que ela, dar declarações para a imprensa apresentada como a namorada do juiz.

A esposa terminou o casamento, como todos aqueles que amam e resolvem pelo divórcio como a derradeira prova de amor.

Eu disse que não revelo os nomes dos juízes das histórias deste blog porque não sei. Mas o desta história é por um motivo especial. Não por acaso, a pessoa que me contou esta história também é juiz. Ela sabe dos perigos e das adversidades desta profissão. Por isso disse: "Não conto com quem aconteceu esta história porque senão ele perde a mulher com quem está casado agora!".

Está bem.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

11 - O juiz apaixonado

Há o juiz apaixonado, cujo nome infelizmente não pode ser revelado. Não sei por quê. Há gente que se vangloria de trair, vestindo, em um curto espaço de tempo, camisas de equipes rivais. Há os que exibem, entusiasmados, o cabelo tingido com a cor da equipe do coração. Há os que vestem, sem pudor, uma camiseta da Britney Spears no meio da torcida do Flamengo. Há até torcedor orgulhoso do Íbis! Mas o juiz da história a seguir não quis revelar o nome “nem amarrado”, disse, imitando Dilma.

Ele era um apitador exemplar. Aplicava as regras sempre com um rigor próximo à perfeição, que se equilibrava entre a austeridade e a clemência; deixava o jogo fluir, mas marcava as faltas capitais; aceitava as reclamações justas, mas punia com o cartão amarelo aqueles que tentavam influir em sua imparcialidade; até a postura ereta, que despertava confiança, ele tinha. Enfim, podia-se dizer, sem dúvida, que ele era um justo.

Mas não se pode esperar que alguém seja perfeito – quanto mais um juiz. Começou a acontecer com nosso árbitro algo curioso: ele parou de permitir os acréscimos. Não importava a cera que um time, valorizando a vitória apertada, fizesse. Ou o número de substituições, as contusões inevitáveis, as comemorações de gol que extrapolassem o tempo. Nada. O cronômetro mal marcava os 45 minutos, e já se ouvia o apito final.

Os comentaristas reclamavam, exercendo sua função primordial. Por que essa obsessão pelos 90 minutos? Por que acabar aos 45, se poderia muito bem estender até os 48? A cada comentário desse tipo, uma mulher, do outro lado da cidade, estremecia. Era a namorada do árbitro.

Essa mania começou num dia em que os dois brigaram feio. Ela argumentava que ele dava mais importância ao trabalho do que a ela. Ele dizia que era obrigado a trabalhar com este afinco para sustentar o casal, poxa vida.

O juiz apaixonado, para demonstrar que queria chegar logo em casa para ver a amada, parou de permitir o tempo regulamentar. É claro que seis minutos (três em cada tempo) não aliviam tanto a saudade assim. Mas a mulher guardava todo recorte de jornal com as reclamações da falta do tempo extra como verdadeiras declarações de amor. E escutava “encantadíssima” cada resmungo dos comentaristas.

10 - Juiz malandro

Conta-se a história de um técnico que ousou reclamar ao juiz, argumentando que viu pela televisão no vestiário durante o intervalo, o Godói – comentarista de arbitragem da TV Bandeirantes – dizendo que seu time havia sido prejudicado. O juiz nem terminou de ouvir, e já gritou com força máxima que se o Godói falou isso, o Arnaldo César Coelho – comentarista de arbitragem da TV Globo – entendeu exatamente o contrário! E não satisfeito com o impacto causado, lembrou que a audiência da Globo é muito maior que a da Bandeirantes. Portanto, quem estava certo para a opinião pública era ele, o árbitro.

Um detalhe que cabe ressaltar é que nem o Godói, muito menos o Arnaldo, trabalharam nas transmissões daquele dia.

9 - O juiz com peso na consciência

Ninguém entendeu quando um juiz que saiu correndo de um super mercado, deixando carrinho cheio no meio do corredor. Nem a esposa, aquela que dormia com nosso árbitro, compreendeu. Ela só o viu cinco minutos depois, no carro, esbaforido e suado na testa.

Ele havia apitado na noite anterior um jogo do Palmeiras, e deixou de assinalar um pênalti claríssimo para o time verde e branco, como depois notou pela televisão. Pois tinha acabado de ver, ali no mercado, fazendo compras, um atacante palmeirense. Só não tinha certeza de qual: - “Eu vi de longe, não pude perceber as feições corretamente. Mas tenho certeza que era um dos dois: o Paulo Nunes ou o Oséas!”.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

8 - Furo jornalístico

Um jogador cujo nome não posso dizer, de uma cidade que me esqueci, que estava jogando num continente que não sei onde fica, e já passou por vários clubes brasileiros que não lembro, fez declarações bombásticas a mim. E este pode ser considerado o primeiro furo deste blog.

Que me desculpem os leitores mais assíduos, mas tentei fazer um blog de futebol diferenciado. Mas ninguém entra em um blog que só tem análise, sem novidades. Que só fala sobre o que aconteceu, e não sobre o que, se tudo der certo, se o empresário confirmar, se o clube irlandês e o russo liberarem, talvez possa acontecer – caso um grupo de investidores resolva abrir o cofre.

Este jogador que estava em uma cidade que nunca ouvi falar, realizando a escala em um aeroporto qualquer, me telefonou a cobrar. Nas três primeiras ligações, desliguei na cara. Na quarta vez, perdi a paciência e fui logo atendendo com o palavrão! Mas me acalmei quando ele disse quem era, mas não posso falar.

Perguntei por que ele me ligava àquela hora, e a cobrar. E ele me disse que era o fuso-horário, e que estava economizando porque estava voltando ao Brasil para ganhar menos. Poxa, pensei, como é complicada a vida de quem deixa de ganhar milhões de euros e passa, de repente, a ganhar milhares de reais. Coitado!

Ele me disse que estava muito preocupado com a possibilidade de adaptação do futebol brasileiro ao calendário europeu.

- Como assim?! - perguntei, surpreendido, já que, acompanhando o noticiário esportivo, nunca vi alguém dizer um defeito que seja desta possibilidade!

Não foi sem dor na voz que ele relatou a triste realidade: Caso isto aconteça, ele trabalhará como um escravo. Acontece que, todo ano, e ele troca de um clube brasileiro para um clube europeu. Então ele aproveita as férias de julho de lá, e vem para cá, no meio do campeonato brasileiro. Aí ele encerra a temporada brasileira com um time daqui, e em fevereiro volta para lá. Assim, todos os anos ele tem dois meses de férias.

- Se adaptarem o nosso futebol ao calendário europeu - disse ele - só terei um mês de férias por ano! Só um!

Tadinho!

Eu sei que isto não foi um furo. Mas se eu não dissesse, ninguém leria o texto até o final!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

7 - Corinthians, Botafogo e o juiz

Botafogo é junto, não separado (Bota Fogo). Eu aprendi isso quando escrevi um texto sobre esse time e o publiquei na comunidade dele do Orkut, uns três anos atrás. Mas isto não tem a menor importância.

O Botafogo veio a São Paulo no dia de ontem e conseguiu empatar em três a três com o Corinthians.

O primeiro gol foi do Corinthians. Dentinho fez uma jogada de Pelé, e foi derrubado: Pênalti. Sorte a dele, porque se ninguém o derrubasse, seria uma jogada de Mirandinha – o lance seria perdido em seguida. A bola foi no canto em que o goleiro não pulou. É o lance em que a gente fica sempre com a sensação de que o goleiro deveria esperar o cobrador bater, antes de decidir um canto. Mas era o Castilho.

Então o Lúcio Flávio cruzou de um jeito que, não sei por quê, só ele faz. A bola foi mais alto do que seria necessário, de um jeito muito bonito. Reinaldo meteu a cabeça na bola, e ela foi no ângulo. De novo a impressão, mas todos ficaram com a impressão de que se fosse o Felipe, não seria gol, mas seria. Duvido. Como é ruim jogar com goleiro reserva!

É agora. Não precisava prestar atenção no texto até agora. Mas é aqui que começa a ficar importante. Jucilei tenta driblar o botafoguense e não se sabe se escorregou ou se simplesmente se atirou. Mas ele caiu e não foi falta. Porém, o juiz marcou. Uma falta distante, com baixíssima probabilidade de gol. Mas juiz não tem sorte, porque se tivesse não seria juiz. Marcinho, de quem nunca ouvimos falar, cobrou a falta exemplarmente. No ângulo. O Castilho nem pulou numa tentativa desesperada de pegar a bola, mas nem adiantaria. Um recado a Castilho:

"Castilho,

Não adiantaria pular para tentar fazer a defesa. Mas você deveria ter pulado. A credibilidade de um goleiro se esbodega quando o goleiro não pula numa bola em que poderia pular.

Não é só isso. É obrigação de todo o goleiro ir atrás de todas as bolas que vão ao gol, não somente pela credibilidade pessoal ou para pegar bolas impossíveis. É também uma questão de lealdade com o time adversário. Quando o goleiro vai atrás da bola impossível de ser recuperada, o gol é muito mais bonito.

Abraços,

André"

Acontece que não tinha sido falta. Anote.

Então o Botofogo, o time que não tem laterais, consegue uma jogada digna de lateral de seleção brasileira, com um moço careca driblando à vaca lindamente e cruzando na cabeça de André Lima. Bem, não foi exatamente na cabeça, tanto que André teve que meter a mão para fez o gol. Repare, quando assistir o lance, que André foi o larápio perfeito. Movimentou o braço sincronizando a cabeça, e a bola foi firme, como se tivesse sido testada. Claro que o juiz não viu. Gol do Botafogo.

Desculpe, está ficando chato, mas a introdução é necessária.

Jorge Henrique se joga na área descaradamente. Pênalti. Castilho defende, mas sem querer devolve para os pés de Dentinho, como se fosse uma tabela. Com o gol livre, Dentinho deu um toquinho no cantinho. Gol.

Então o Lúcio Flávio empata com uma cobrança de falta simplesmente maravilhosa e incrível. Três a três. Fim de jogo, torcida brasileira.

É sobre isso que eu desejo falar: Sobre o que aconteceu depois do final do jogo.

O juiz, Arilson Bispo da Anunciação, foi massacrado em todos os programas esportivos. Até os genéricos, como o Fantástico, condenaram o juiz, comparando sua capacidade arbitral à de um boi. Os machistas por pouco não disseram que foi uma arbitragem digna de uma mulher!

E isto é o nosso futebol. O André Lima mete a mão na bola, o Jorge Henrique se joga dentro da área, e o Jucilei se joga a meia maratona do gol, e a culpa é do juiz – por ter se deixado enganar