sexta-feira, 28 de agosto de 2009

8 - Furo jornalístico

Um jogador cujo nome não posso dizer, de uma cidade que me esqueci, que estava jogando num continente que não sei onde fica, e já passou por vários clubes brasileiros que não lembro, fez declarações bombásticas a mim. E este pode ser considerado o primeiro furo deste blog.

Que me desculpem os leitores mais assíduos, mas tentei fazer um blog de futebol diferenciado. Mas ninguém entra em um blog que só tem análise, sem novidades. Que só fala sobre o que aconteceu, e não sobre o que, se tudo der certo, se o empresário confirmar, se o clube irlandês e o russo liberarem, talvez possa acontecer – caso um grupo de investidores resolva abrir o cofre.

Este jogador que estava em uma cidade que nunca ouvi falar, realizando a escala em um aeroporto qualquer, me telefonou a cobrar. Nas três primeiras ligações, desliguei na cara. Na quarta vez, perdi a paciência e fui logo atendendo com o palavrão! Mas me acalmei quando ele disse quem era, mas não posso falar.

Perguntei por que ele me ligava àquela hora, e a cobrar. E ele me disse que era o fuso-horário, e que estava economizando porque estava voltando ao Brasil para ganhar menos. Poxa, pensei, como é complicada a vida de quem deixa de ganhar milhões de euros e passa, de repente, a ganhar milhares de reais. Coitado!

Ele me disse que estava muito preocupado com a possibilidade de adaptação do futebol brasileiro ao calendário europeu.

- Como assim?! - perguntei, surpreendido, já que, acompanhando o noticiário esportivo, nunca vi alguém dizer um defeito que seja desta possibilidade!

Não foi sem dor na voz que ele relatou a triste realidade: Caso isto aconteça, ele trabalhará como um escravo. Acontece que, todo ano, e ele troca de um clube brasileiro para um clube europeu. Então ele aproveita as férias de julho de lá, e vem para cá, no meio do campeonato brasileiro. Aí ele encerra a temporada brasileira com um time daqui, e em fevereiro volta para lá. Assim, todos os anos ele tem dois meses de férias.

- Se adaptarem o nosso futebol ao calendário europeu - disse ele - só terei um mês de férias por ano! Só um!

Tadinho!

Eu sei que isto não foi um furo. Mas se eu não dissesse, ninguém leria o texto até o final!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

7 - Corinthians, Botafogo e o juiz

Botafogo é junto, não separado (Bota Fogo). Eu aprendi isso quando escrevi um texto sobre esse time e o publiquei na comunidade dele do Orkut, uns três anos atrás. Mas isto não tem a menor importância.

O Botafogo veio a São Paulo no dia de ontem e conseguiu empatar em três a três com o Corinthians.

O primeiro gol foi do Corinthians. Dentinho fez uma jogada de Pelé, e foi derrubado: Pênalti. Sorte a dele, porque se ninguém o derrubasse, seria uma jogada de Mirandinha – o lance seria perdido em seguida. A bola foi no canto em que o goleiro não pulou. É o lance em que a gente fica sempre com a sensação de que o goleiro deveria esperar o cobrador bater, antes de decidir um canto. Mas era o Castilho.

Então o Lúcio Flávio cruzou de um jeito que, não sei por quê, só ele faz. A bola foi mais alto do que seria necessário, de um jeito muito bonito. Reinaldo meteu a cabeça na bola, e ela foi no ângulo. De novo a impressão, mas todos ficaram com a impressão de que se fosse o Felipe, não seria gol, mas seria. Duvido. Como é ruim jogar com goleiro reserva!

É agora. Não precisava prestar atenção no texto até agora. Mas é aqui que começa a ficar importante. Jucilei tenta driblar o botafoguense e não se sabe se escorregou ou se simplesmente se atirou. Mas ele caiu e não foi falta. Porém, o juiz marcou. Uma falta distante, com baixíssima probabilidade de gol. Mas juiz não tem sorte, porque se tivesse não seria juiz. Marcinho, de quem nunca ouvimos falar, cobrou a falta exemplarmente. No ângulo. O Castilho nem pulou numa tentativa desesperada de pegar a bola, mas nem adiantaria. Um recado a Castilho:

"Castilho,

Não adiantaria pular para tentar fazer a defesa. Mas você deveria ter pulado. A credibilidade de um goleiro se esbodega quando o goleiro não pula numa bola em que poderia pular.

Não é só isso. É obrigação de todo o goleiro ir atrás de todas as bolas que vão ao gol, não somente pela credibilidade pessoal ou para pegar bolas impossíveis. É também uma questão de lealdade com o time adversário. Quando o goleiro vai atrás da bola impossível de ser recuperada, o gol é muito mais bonito.

Abraços,

André"

Acontece que não tinha sido falta. Anote.

Então o Botofogo, o time que não tem laterais, consegue uma jogada digna de lateral de seleção brasileira, com um moço careca driblando à vaca lindamente e cruzando na cabeça de André Lima. Bem, não foi exatamente na cabeça, tanto que André teve que meter a mão para fez o gol. Repare, quando assistir o lance, que André foi o larápio perfeito. Movimentou o braço sincronizando a cabeça, e a bola foi firme, como se tivesse sido testada. Claro que o juiz não viu. Gol do Botafogo.

Desculpe, está ficando chato, mas a introdução é necessária.

Jorge Henrique se joga na área descaradamente. Pênalti. Castilho defende, mas sem querer devolve para os pés de Dentinho, como se fosse uma tabela. Com o gol livre, Dentinho deu um toquinho no cantinho. Gol.

Então o Lúcio Flávio empata com uma cobrança de falta simplesmente maravilhosa e incrível. Três a três. Fim de jogo, torcida brasileira.

É sobre isso que eu desejo falar: Sobre o que aconteceu depois do final do jogo.

O juiz, Arilson Bispo da Anunciação, foi massacrado em todos os programas esportivos. Até os genéricos, como o Fantástico, condenaram o juiz, comparando sua capacidade arbitral à de um boi. Os machistas por pouco não disseram que foi uma arbitragem digna de uma mulher!

E isto é o nosso futebol. O André Lima mete a mão na bola, o Jorge Henrique se joga dentro da área, e o Jucilei se joga a meia maratona do gol, e a culpa é do juiz – por ter se deixado enganar

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

6 - Esqueçam tudo o que eu disse sobre o Fernandão,

ou pelo menos a maior parte.

Amigos meus, é doído dizer que errei ao comentar o caso do Fernandão. Sim: O que eu disse naquele post não pode ser levado ao pé da letra em nome de um maior aprendizado futebolístico.

Um dos motivos da criação deste blog foi ter uma visão mais lenta e distanciada do que a maioria dos veículos têm do futebol. Hoje em dia, vemos no jornal as coisas com tanta rapidez, como o fato de o Palmeiras ser indiscutivelmente o melhor time do Brasil há três rodadas, e agora ser tido como um cavalo paraguaio.

O que fiz com o Fernandão foi de um deslize semelhante ao de meus amigos jornalistas com o Palmeiras. Mal o Fernandão assinou com o Goiás, e eu já fui tomando partido, dizendo que ele desprezou os grandes Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Inter. Falar que ele não quis os três primeiros, tudo bem. Mas o Inter...

é imperdoável.

Lembremos que há pouco tempo Fernandão foi às lágrimas ao ser ovacionado antes da partida contra o Coritiba - num dia em que ele passava as férias no Brasil! Depois, que quando saiu do Inter, mandou fazer uma moto temática do time. Sem contar que ele sempre fazia referências aos colorados e era sempre retribuído com muito carinho vindo da certeza do reencontro futuro.

Mas o que mais importa é que o único time que ele procurou após a rescisão de contrato na Arábia, foi o Sport Club Internacional. Ele queria voltar para o Inter, mesmo com salário menor. A torcida inteira o queria de volta, mesmo se o futebol não fosse mais o mesmo. Mas Fernando Carvalho e a diretoria colorada desprezaram um dos maiores jogadores que já vestiram o vermelho do sul, não importa por quê.

Peço desculpas ao Fernandão, embora ele não leia o blog. Também aos leitores. E principalmente à minha namorada colorada, embora ela tenha jurado que não vai ler mais esse blog depois daquele post maldito.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

5 - Pergunta do torcedor:

"André,

Sei que o Corinthians é preto e branco; o São Paulo é preto, vermelho e branco; a Portuguesa é vermelho e verde; o Santos é preto e branco; o Flamengo é preto e vermelho; o Botafogo é preto e branco; o Vasco é preto e branco; o Fluminense é roxo, verde e branco; o Coritiba é verde e branco; o Atlético Paranaense é preto e vermelho; o Inter e vermelho; o Grêmio é azul, preto e branco; o Cruzeiro e azul; o Atlético Mineiro é preto e branco; o Vitória é preto e vermelho; o Bahia é azul, vermelho e branco; o Sport Recife é vermelho e preto; o Náutico é vermelho e branco; o Santa Cruz é vermelho, preto e branco; o Figueirense é verde, preto e branco; e o Avaí é azul. Mas tudo bem, você não torce para nenhum deles.

Mas o Palmeiras, seu time, é verde e branco.

Então por que raios o blog é cor de rosa?"

Caro leitor,

O blog é rosa justamente porque nenhum time tem esta cor, exceto o Palermo. Mas você não vai achar que eu vá favorecer o Palermo, não é? O Sevilla tem o segundo uniforme cor de rosa, mas é uma pura questão de marketing.

4 - A grandeza de um clube

Fernandão recusou o Inter, esnobou o Palmeiras, desconversou com o São Paulo e tratou Luxemburgo com descaso, porque queria voltar para o Goiás. E agora dizem que falta ambição ao eterno campeão mundial por ter cometido o ultraje de recusar o que todos querem.

Por que ele deveria voltar ao clube que gosta e ama, não é mesmo? Ele deveria é ter um empresário ambicioso que o pusesse para trabalhar em uma multi-nacional. No Real Madri, aquele time cuja torcida expulsou Rincón com pixações racistas. No Barcelona, que vendeu rapidamente Ronaldinho, Maradona, Rivaldo, Romário, tão logo começaram a jogar mal. Melhor ainda seria vê-lo no Chelsea, recebendo os milhões de euros duvidosos!

Se quisesse voltar ao Brasil, que escolhesse o Palmeiras, e ser xingado aos primeiros erros. Ou o São Paulo, lugar em os torcedores não reclamariam, pela única razão de que não comparecem aos jogos. Talvez o Corinthians, para ser um coadjuvante do time cuja torcida é apaixonada pelo seu principal jogador, que por sua vez torce para o Flamengo.

O Goiás, nunca! Ele não pode ser sentimental e preferir o clube que está acima de todos os outros mencionados na tabela do campeonato nacional simplesmente porque quer terminar onde começou.

Muitos torcedores colorados se sentiram traídos. Eu também me sentiria, longe de mim ser racional nesses momentos. Mas é preciso observar o critério que Fernandão utilizou para escolher o Goiás. Ele teria traído o Inter se escolhesse um clube qualquer, em que não tivesse nenhuma identificação, simplesmente para ganhar mais dinheiro e títulos.

Mas não foi isso que Fernandão fez. Ele optou pelo mais difícil para fazer o que acha certo. Escolheu o Goiás, onde ganhará menos dinheiro e provavelmente conquistará menos títulos. Porque foi o clube que mais investiu nele quando ele menos tinha futebol para dar em troca, mas principalmente por saber que todos os clubes são grandes - até os pequenos – porque grande é o time que a gente escolhe.