sexta-feira, 2 de julho de 2010

Ah, Dunga...

Uma coisa tem que ser levada em consideração: o ser humano vive de contrastes. O que faz o caráter e a certeza de uma pessoa são alguns exemplos positivos daquilo que ela acha que é correto, mas, principalmente e antes de tudo, exemplos negativos: aquilo em que ela não acredita. Com Dunga não foi diferente.

Lembremos que ele surgiu em 90, depois de Telê ter fracassado por duas Copas seguidas após exibir um futebol vistoso sem resultados expressivos. O Brasil não vencia uma Copa havia vinte anos, e era preciso ganhar, nem que para isso fosse preciso jogar feio e abandonar nossas qualidades. Aliás, para Dunga era mais do que isso. Para ele, nossas qualidades é que impediam nosso sucesso. E nisso ele apostou – e fracassou – em 90.

Em 94, ele ainda não havia se esquecido de 82 e 86. Pelo contrário. Apostou ainda mais nisso, apoiado em Parreira, e venceu a Copa com mais volantes que craques.

Foi pensando nisso que o colocaram como técnico em 2006. Nossa seleção havia fracassado por ter acreditado demais em nossa habilidade. Por nos acharmos tão bons, que nem precisássemos treinar. Por Ronaldo ser tão genial, que pudesse se apresentar dez quilos acima do peso. Por sermos tão superiores, que nem precisássemos marcar os jogadores adversários.

Então Dunga apostou antes na lealdade e no comprometimento do que na capacidade real de cada jogador. E parece que foi aprovado nisso. Tanto é que tem uma propaganda abominável da Gatorade: “Mais vale um jogador comum com força de vontade do que um craque na zona de conforto.”

Então eu lhes pergunto: será que somos tão idiotas a ponto de achar que um craque não pode sair da zona de conforto?!

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