sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

3 - Qual seria o time de Napoleão Bonaparte?

Se Napoleão nascesse cerca de 150 anos depois, quem sabe ele não torceria por um bom time e sossegaria o facho? Ele sanaria todo desejo de invadir a África com uma vitória fora de casa. Ao invés de mandar os portugueses para correr, se contentaria com uma vitória da França de Henry contra Cristiano Ronaldo numa semi-final de Copa do Mundo. Não precisaria ser o imperador da França. Bastaria ser o presidente do clube do coração.

Mas Napoleão, coitado, nasceu em 1769, época em que o futebol era alguma coisa selvagem disputada apenas na Inglaterra.

Depois da Revolução Francesa, ocorrida em 1789, a França se encontrava em estado semelhante ao caos. Ninguém e nenhum país – até a França! – passa intacto por uma revolução. A burguesia não se conformava com os jacobinos, uma classe revolucionária e, convenhamos, que deveria feder a valer, pois, se os franceses comuns já costumam ser fedidos, imagine os franceses revolucionários? As outras monarquias européias morriam de medo que esses ideais revolucionários cruzassem a fronteira. Também pudera. Se copiam o bidê, o salto alto e até o corte Chanel da França, por que não plagiariam movimentos que promoviam maior igualdade social?!

Napoleão aproveitou-se desta balbúrdia em que a França se encontrava, e com o golpe de 18 de Brumário acalmou todo aquele país. Porém, ele ganhou tanta força, que acabou conseguindo o que os franceses tanto lutaram para extinguir: a volta da monarquia, mas desta vez ele seria o rei. Foi neste período que Napoleão liderou a França para conquistar o maior tamanho de sua história. Se hoje você olha para o mapa da Europa e encontra com dificuldade aquele país entre a Espanha, a França, a Itália, Suíça e Bélgica; em 1812 quase toda a Europa Ocidental e parte substancial da Oriental faziam parte do território Francês. Quase 50 milhões de pessoas. Você imagina quantos croissants eram feitos diariamente?

Foi este crescimento que levou a França a entrar em colisão com a Inglaterra. Napoleão ordenou que nenhum país europeu – eu disse nenhum! – poderia negociar com os ingleses. Ora, justo a Inglaterra?! Aquele país com indústria tão avançada! Os países começaram a sentir falta de máquinas, produtos têxteis e outros avanços industriais, que só a Inglaterra produzia. Para se ter uma ideia, imagine como você se sentiria se o Brasil não mais pudesse negociar com a China. Seria ruim, não seria? Todos os mini-games, cd´s e dvd´s piratas, eletrônicos baratos e outras coisas com que você se acostumou, de repente fora do mercado. E no lugar delas você só pudesse comprar artigos de luxo, que são talvez menos funcionais e muito mais caros. Então.

Portugal não conseguiu se livrar dos comércios com a Inglaterra. Eu também não conseguiria. Napoleão soube disso, e colocou seu exército para invadir Portugal. Para não ser encurralada no próprio território e obrigada a abdicar do trono, a família real portuguesa veio para o Brasil assim que soube dos planos de Napoleão. Isso, no final, acabou ajudando o Brasil a se tornar independente.

Depois disso, Napoleão tentaria invadir a Rússia depois de ela quebrar também o bloqueio continental. Os russos jogaram na retranca. Foram queimando, literalmente, todas as cidades em que a tropa de Napoleão passaria. Os franceses encontravam cinzas onde esperavam batalha. Além de não sanar a fome de sangue, a fome de comida passou a ser real, e não sobrou resultado a Napoleão que não uma derrota acachapante. Aquele exército que parecia invencível foi derrotado sem confronto direto.

Depois Napoleão ainda tentou voltar ao poder, mas foi derrotado, como você deve saber, em Waterloo.

Desculpe se falei tanto assim da França e menos de Napoleão, mas a história da França tem muito a ver com a própria de Napoleão. Se a França era pretensiosa daquele jeito era porque era coordenada por um homem pretensioso como Napoleão. O contrário também vale. Se Napoleão era pretensioso daquele jeito era porque nasceu em um país pretensioso como a França. Napoleão era tão cheio de si, que uma vez tentou se matar e tomou trinta e sete vezes mais arsênico do que o recomendável. Ele achava que a dose letal para um homem comum não traria nenhum dano a alguém como ele.

Ele inventou o salto alto. Tinha um metro e sessenta e sete, o que não chegava a ser uma altura desprezível – é maior que a de Romário. Mas é complicado mandar num homem maior. Ele também gostava de coroas. Em sua coroação, que teve a presença ilustre do Papa Pio XVII, ele tirou a coroa de Pio para coroar a si mesmo.

Enfim. Vamos escolher o time dele?

Sei que um português que se preze tem arrepios ao ouvir falar no nome da Napoleão. Mas posso apostar que ele, pelo contrário, sentiria até certo prazer ao tocar em qualquer assunto relativo a Portugal. Afinal, quem não se envaideceria por saber que foi a causa da fuga de um rei? Por isso não se espante com três opções de times de origem portuguesa. Meu pai, mesmo, torce para o Palmeiras, dos italianos, sendo um português de sangue.

O leitor poderá escolher entre Portuguesa, Vasco, Portuguesa Santista e Bahia.


Ele torceria pela Portuguesa?



Muita gente pensa que Napoleão jamais torceria pela Portuguesa porque a Lusa é um time menor do que os outros. Mas este seria o grande trunfo de Napoleão. Sendo a Portuguesa a queridinha, não seria difícil de convencer o Brasil inteiro a escolhê-la como o time principal. Napoleão usaria a simpatia prévia que todos nós temos, para potencializá-la e passar a uma paixão arrebatadora. Depois de alguns anos de Napoleão no comando da Portuguesa, ela ostentaria o título de “a mais querida do Brasil”.


Ele torceria pelo Vasco?



A arrogância de Napoleão talvez fosse o maior obstáculo para adotar um time que tenha o nome de outro personagem da história. Mas quem disse que os arrogantes não são humildes no futebol? O Vasco seria a exceção obsessiva de Napoleão. Ele diria sempre que é o maior, para fazer uma ressalva logo em seguida: - “Depois de Vasco, aquele grande conquistador”.


Ele torceria pelo Bahia?



Pouca gente repara, mas as cores do Bahia coincidem com as da França. Napoleão olharia um catálogo de distintivos dos clubes brasileiros e se encantaria por aquele campeão brasileiro de 88. O único problema é que chamaria todas as semanas o atacante Bobô para tomar um vinho francês legítimo. Ou não seria o Bobô que receberia Napoleão para comer acarajé?


Ele torceria pela Portuguesa Santista?



Napoleão talvez não se interessasse por um time já grande, com inúmeros craques em sua história. Para ele ser relevante, somente pegando um time em que todos não vêem nada além de um destino fadado à falência. Napoleão torceria pela briosa e a faria campeã continental. Todos saberiam quem seria o verdadeiro responsável pelo título, e os programas esportivos não hesitariam em ditar o time santista assim: -“É Napoleão mais dez!”.

Escolha o time de Napoleão. Na semana que vem, teremos o resultado.

2 comentários:

Paulo César Nascimento disse...

Napoleão seria vascaíno, sem dúvida. Basta olhar o Eurico Miranda...

Anônimo disse...

Caro Ursípedes

Napoleão não seria... sempre foi torcedor da BRIOSA!!!

Por que você acha que o estádio da Portuguesa Santista se chama Ulrico Mursa? Os dois eram muito chegados, quando Ulricão foi estudar na Alemanha, mas ia até a França de vez em quando para visitar o Napa.
Para homenagear seu emérito torcedor, sem dar pinta de puxa-saco, colocaram o nome do amigo no estádio.

Briosa na cabeça!!!

Forte abraço

F.Homer