sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

6 – Paulo César, o coitado

Inspirado na coluna de José Roberto Malia. Menos no que diz respeito às ironias. Porque inoria é para os inteligentes, não é mesmo?

O maior mal da imprensa esportiva é a falta de assunto. Não importa que no Brasil tenhamos 14 times grandes, e o mesmo tanto de times médios. Chega o começo de Janeiro, quando não tem ninguém contratando ninguém, ou a sexta-feira em que ninguém joga contra ninguém, e, mesmo assim, é preciso ter o que falar.

Porque todos os jornais têm a parte esportiva. Os canais de televisão também têm os programas esportivos. Sem falar dos canais de TV e dos jornais que têm o esporte como assunto único. Preencher todos esses espaços torna-se um desafio comparável ao de Maomé!

Houve uma vez em que um futebolista foi reclamar a um comentarista, que havia sido injusto e imponderado em suas colocações. O comentarista respondeu o seguinte:

- Eu compreendo o que você está falando e concordo com tudo. Mas se eu não falasse de você, falaria do quê?

O futebolista em questão nunca mais reclamou da imprensa. Mas também nunca mais comprou um jornal.


A maior vítima dessa falta de assunto é o juiz. Quando ele acerta a marcação, não há o que falar, pois ele acertou. Quando ele erra, aí, sim, os jornalistas agradecem a Deus – ou ao diabo -, pois agora têm assunto.

Ontem, Paulo César de Oliveira errou ao validar o gol do Barueri contra o Palmeiras. Tadeu, que cobrou o pênalti na trave e depois recebeu o rebote para enfim marcar o gol, estava impedido. Mas era um lance rápido, e Paulo César simplesmente não viu.

Se o assunto acabasse onde tivesse que terminar, o juiz não seria tão execrado, mas os jornais esportivos amanheceriam vazios.

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Por que os erros dos jogadores são desculpados por estarem no início da temporada, e os dos juízes, não?

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Tem jornalista que não se cansa de pedir a arbitragem eletrônica no futebol. Se isso acontecesse, e os juízes não mais errassem, sobre o que eles falariam depois dos jogos?!

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Não sei se você sabe, mas quando eu era criança, entrei em campo com o time do Palmeiras, no Palestra. Fiquei esperando os jogadores num túnel, por onde também passaria o árbitro. Comigo estavam mais de cem crianças esperando por Rivaldo, Djalminha, Luizão, Velloso, Cléber, Galeano e outros craques – quem disse que Galeano e Cléber não são craques? Mas antes, quem apareceu foi Paulo César de Oliveira, o juiz.

As crianças todas, mal viram aquele homem vestido de preto, começaram a xingá-lo com palavrões que, à época, eu até desconhecia! Alguns eram até racistas. E o pior: havia meninos negros execrando a cor de Paulo César. Isso antes do jogo começar, com possibilidade iguais de favorecimento ao Palmeiras ou ao Rio Branco de Americana, que era o adversário daquela noite.

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Paulo César de Oliveira é o juiz mais talentoso da geração dele. Costuma-se dizer que talento é quando Deus abençoa alguém com uma aptidão. Talento para arbitragem, porém, não é uma benção. É um castigo!

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Digamos a verdade: o Palmeiras foi beneficiado pelo erro de Paulo César. É só observar quantas pessoas estão comentando o péssimo futebol do time em Presidente Prudente.

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O Barueri em Presidente Prudente é o Bebeto no Vasco, O Viola no Palmeiras, o Ronaldinho no Real Madri, o Edmundo no Corinthians – e no Flamengo -, o Evair no São Paulo... Por que jogador pode ser mercenário, e time não?

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Há seis meses no espantamos ao ver Belluzzo nervoso como um torcedor ao reclamar do Simon. Hoje, o espanto seria ao ver Belluzzo calmo como um professor.

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O novo mantra do Palmeiras: “Obina não tinha a menor vaidade. Obina é que era atacante de verdade!”

Um comentário:

Thiago disse...

Boa, André.

Bem melhor falar do PALMEIRAS do que dos pontos corridos, ou do mata-mata (eu odeio violência; morte então, nem se fala).

Que sorte a sua ter nascido alguns muitos anos depois de mim e poder entrar em campo com o time de 1996. Quando eu era criança minhas opções pra entrar em campo com o Palmeiras eram de jogadores do calibre, perícia e prestígio de Toninho Cecilio, Bizu, Gaúcho e, nos áureos tempos - e quando eu já era um adolescente -, Cuca e Guga (!!!)

Eu iria falar alguma coisa sobre o safado do PC, mas passou... essas lembranças são preciosas demais para serem maculadas pelo garrancho de bola que o Palmeiras anda jogando. Deixa ELAS aqui na minha cabeça por enquanto !