segunda-feira, 30 de novembro de 2009

10 – Qual seria o time do Peter Griffin?

Quase todos que vêem Peter Griffin pela primeira vez acham que ele é muito parecido com Homer Simpson, porque encontram nele alguns defeitos que estão acostumados a ver no Homer. Porém, depois de assistir a alguns episódios da Família da Pesada, quase ninguém mais compara os dois. Porque se Peter tem vários dos defeitos do Homer, não tem as qualidades.

Aliás, é sorte que ele é desenho – faz parte do elenco de Uma Família da Pesada. Senão eu não poderia começar este texto sem dizer um palavrão. E mesmo sendo um desenho animado que me faz rir, não consigo: tenho que chamá-lo de filho da puta.

Ele não tem uma idade definida, mas dizem pela internet que tem 42 anos. Não é difícil vê-lo se embebedando por aí com os amigos, mesmo que seja em um momento completamente inapropriado, como no nascimento de um filho, ou durante o dia de aniversário de casamento. Aliás, está aí um jeito fácil de defini-lo: Peter tem a malícia de uma criança misturada com a ingenuidade de um adulto... e álcool.

Agora, cabe a nós decidir para qual time ele torceria se tivesse nascido no Brasil. São quatro opções - Santos, Atlético Mineiro, Cruzeiro e Flamengo -, e o leitor pode votar na enquete ao lado. O resultado virá dia oito. Para qual time você acha que ele torceria?

Para o Santos?



Há um fator muito a favor e outro bastante contra para que Peter escolha o Santos. Conta a favor que Santos é o time de Pelé, jogador que teve uma relação muito forte com os Estados Unidos na infância de Peter – época em que se escolhe um time. Contra, é que é raro encontrar santistas que não morem em Santos.

Para o Atlético Mineiro?



O Atlético não conquista um título importante há muitos anos. Não que isto influencie na grandeza de um time, mas Peter não tem o perfil de quem se apaixona por alguma coisa sem ganhar nada em troca. Muito pelo contrário. Ele tem o jeito de quem torce para um time somente para tirar vantagem das conquistas dele. Porém, o Atlético não é, claro, de se jogar fora. Algo me diz que Peter se encantaria por Dadá Maravilha, e tentaria, até, parar no ar que nem ele.

Para o Cruzeiro?




Se o Atlético não ganha títulos importantes há bastante tempo, o Cruzeiro ganhou a Libertadores pela segunda vez na história em 1997 – a primeira foi em 1976. E Peter adoraria contar vantagem sobre isso. Porém, por ser um time fora do eixo Rio - São Paulo, o Cruzeiro não tem uma das maiores torcidas do Brasil, e isto poderia envergonhá-lo.

Para o Flamengo?



Não é difícil de imaginar o Peter com a camisa do Flamengo. Ele ornaria bem até com as cores! Porém, do mesmo modo com que se sentiria ridículo por torcer por um time de torcida relativamente pequena, ele teria vergonha por saber que o time dele é o mesmo de 32 milhões de pessoas.

Mas eu não sei. É você que sabe! Vote na enquete, que daqui a uma semana teremos o resultado. Meu palpite? Não sei.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

9 - Qual seria o time dele?

Este blog está a todo vapor. Se antes eu postava um texto por semana, agora são dois! E se antes não havia idéias novas durante um mês inteiro, agora temos uma idéia nova por semana. Isto não é fantástico? Eu estou muitíssimo empolgado.

A idéia nova da semana envolve a participação do público.

O leitor já deve ter notado que há neste blog uma imensa curiosidade em se descobrir os times daqueles que não vestem a camisa todos os dias. Para essas pessoas costuma ser fácil descobrir. Basta perguntar. Mas agora quero ir além. Quero descobrir o time daqueles que não podem jamais são perguntados por três motivos:

1 – São personagens fictícios.

2 – Já morreram.

3 – São americanos.

Qual seria o time daquele personagem de quem tanto gostamos ou odiamos? Para que time torceria aqueleque teve o desprazer de morrer antes de o futebol ser inventado? E que time escolheria torcer a personalidade americana?

Aqui cabe um parêntese. É claro que seria possível descobrir o time de um americano. Bastaria perguntar – em inglês. Porém, aqui inauguro também uma campanha neste blog: só falaremos palavras em inglês a partir do momento em que os americanos adotarem football para o que esta palavra realmente quer dizer, futebol. Enquanto o futebol de lá for chamado de soccer (soccer será a única exceção, a palavra em inglês que falaremos neste espaço), não poderemos falar na língua deles, portanto não poderemos perguntar aos americanos para que time eles torcem.

A escolha do time será por enquetes. O time que tiver mais votos, ganha. Por enquanto, por termos poucos leitores, a eleição se dará em turno único. Daqui a alguns dias, quando os interessados por este blog passarem dos milhões, teremos dois turnos.

Peço encarecidamente para que votemos no time que mais se enquadre na personalidade da personagem em questão, não no time que seja o escolhido de nosso coração. Também ressalto que não é necessário conhecer a figura para escolher o time. Eu explicarei sempre um pouco de nosso personagem, e os leitores terão uma base minimamente confiável para eleger o time mais adequado.

8 - Para usar a camisa do time do coração


Na última semana, li duas notícias que se entrelaçaram. Uma diz que o Flamengo quer alcançar a meta de um milhão de camisas vendidas neste ano. A outra, dando conta de que o chefe da polícia carioca, o rubro-negro Alan Turnowski, proibiu a apresentação de criminosos com o manto do Flamengo. Ora, isto nos mostra que sabemos, sim, como comprar uma camisa da equipe do nosso coração; mas estamos longe de saber como usá-la.


Quando se usa a camisa do time do coração, é preciso agir como se estivesse sempre ao lado da mulher amada. Por isso, é proibido falar palavrão. Assim como a mulher se ruborizaria ao ouvir a palavra feia da boca do amado, o time escolhido se envergonharia de um torcedor que diz obscenidades enquanto o representa.

Também não é permitido ocupar o lugar dos velhinhos nos ônibus e metrôs, quando se está com a camisa do time amado. O velhinho irá dizer: - “Olha lá, o flamenguista! Que safado!”. E irá ele, pessoalmente, rogar pragas que somente elas explicarão por que aquela bola aos 47 minutos não entrou após resvalar no zagueiro e bater nas duas traves.

Quando se está com a camisa do time amado, é lícito olhar as mulheres somente da cintura para cima, pulando os peitos - mas dê um jeito de não parecer afeminado. As mulheres que têm o seu corpo desrespeitado irão achar que sua paixão futebolística existe só porque é um mal amado. E o desdenhará propositalmente, caso torça pelo time rival. E se torcer por seu time, pior ainda, pois você terá desejado alguém que com você se une por um laço fraternal.

Também não se pode comer macarrão à bolonhesa com a camisa do time amado – a não ser que seja colorado. Imagine o gremista com a marca do molho na camisa? É pior do que marca de sangue na roupa do bandido, ou marca de batom alheio na camisa do namorado. Só são toleradas as comidas limpas e balanceadas, enquanto se enverga o manto. Até porque, não é permitido arrotar e soltar pum, mesmo que torça pelo Palmeiras. Imaginem dizendo: - “É um porco, mesmo!”?

O ladrão que sair para roubar, deve usar qualquer camiseta, menos a do time do coração. E mesmo se surgir a ocasião, e ele esteja desprevenido, vestindo num dia qualquer o manto sagrado, o roubo deve ser abortado, mesmo que por isso se perca um grande numerário.

Quando se veste com a camisa do time amado, o sujeito não representa só a si. E por qualquer delito que cometa, não responderá por Pedro, José, Roberto, Fernando. Será o flamenguista, o palmeirense, o cruz-maltino, o colorado.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

7 - Times dos famosos - Leão Lobo

O teste em mp3


Leão Lobo é a primeira celebridade a se submeter a este teste, que mede a assiduidade dos famosos em relação do time. Ele se saiu bem, e é, até agora, o primeiro colocado!

1 – Tem camisa do time?
Resposta: Tenho todas!

Comentário: Leão foi efusivo e taxativo. Como se não bastasse possuir um manto para se usar de vez em quando, ele afirmou que tem vários, ou melhor – todos! Isto demonstra não somente um gosto pela camisa do time, como também um fetiche consumista insaciável. Um ponto com louvor.


2 – Usa o manto no dia seguinte a uma derrota?
Eu usaria.

Comentário: A princípio, parece ser esta a resposta correta. Leão diz que usaria, ok, mas o tempo verbal no futuro do pretérito demonstra que ele nunca usou. Ele usaria se surgisse uma oportunidade – que ainda não veio. Meio ponto para Leão.


3 – Lembra-se de uma escalação do século passado?

Não! Eu nunca me preocupei com essas coisas.

Comentário: Leão não demonstra nenhum constrangimento ao admitir que não se preocupa com coisas desse tipo. É por isso que ele jamais será um xiita.


4 – Freqüenta o estádio?
Ah, sempre que posso!

Comentário: Claro que é importante ir ao estádio sempre que pode. Mas o fundamental é criar as oportunidade para ver o time ao vivo. “Sempre que posso” demonstra que pode haver muitas outras coisas na frente do time do coração. Meio ponto.


5 – Quanto foi o último jogo do time?
Quanto foi? 2 a 2. Hehehehe

Comentário: Correto. O Palmeiras havia empatado com o Sport em 2 a 2 na noite anterior.



6 – Costuma dizer que é torcedor do time?
Ah, sim. Aliás sou muito elogiado na TV por assumir. Eu assumo tudo, meu partido político, minhas posturas políticas, assumo meu time, minha sexualidade. Não assumir uma coisa na vida, é uma grande bobagem. Mesmo se eu fosse um comentarista esportivo, eu diria: olha, sou palmeirense. Mesmo assim, eu adoro o Neto. Eu adoro. Nunca foi do Palmeiras, nada disso.

Ele já foi. Ficou pouquíssimo tempo.

É verdade. Começou no palmeiras. Ele é do Corinthians, né? Adoro, adoro ele pela postura dele. Acho divertido. Adoro gente que tem humor. Acho que não tem essa problema não.

Comentário: Leão vinha muitíssimo bem, demonstrando uma personalidade incisiva e segura sobre todos os aspectos da vida, quando esbarrou numa falta de conhecimento enciclopédico. O Neto foi, sim, jogador do Palmeiras. Ele chegou ao clube no final dos anos 80, e em 89 foi trocado com o Corinthians. O Palmeiras cedeu Neto e Denys, e o Corinthians, em troca, ofereceu Ribamar. Pelo erro, Leão perde meio ponto.


7 – Torce para o time desde criança?
Desde que me entendo por gente.

Comentário: Leão jamais hesitou na escolha clubística. Sua paixão pelo Palmeiras tem laços familiares profundos. Porém, sua resposta dá margem a interpretação dúbia. Uma pessoa costuma a se entender por gente aos seis, sete anos. Antes disso, ele era o quê? Perde meio ponto por isso.


8 – Torce contra o rival?
É. Dependendo, se for favorecer o palmeiras, eu torço contra aquele que tem que perder para favorecer meu time, claro. Mas vou te dizer uma coisa. Tenho muita simpatia pela torcida do Corinthians, por essa energia que eles têm. Por essa garra. Coisa que não se vê pela torcida do santos, pela portuguesa. Eu acho um absurdo. Somos todos descendentes de portugueses e temos essa vergonha de torcer pela portuguesa, né. Eu sou vascaíno no rio.

Comentário: Aparentemente Leão mereceria perder meio ponto, por ter elogiado a torcida corintiana. Porém, isto demonstra segurança clubística. Ele consegue elogiar os rivais sem perder o estilo. Mas é ao dizer que tem um clube no Rio de Janeiro que ele perde meio ponto. Quando se escolhe um time, se faz um laço tão profundo quanto o laço matrimonial. É na saúde, na tristeza, na alegria, na bonança, em São Paulo e no Rio de Janeiro!


9 – Se o time perde, fica mal humorado?
Perco, perco. No primeiro momento, eu fico bem chateado. Por quanto tempo? As vezes 1hora, 2 horas. Eu fico racionalizando. Tudo bem, faz parte, o futebol é isso, né. Por isso que eu entendo até que exista violência no campo. Existe, se a pessoa não for muito esclarecida, é muito complicado.

Comentário: Leão, além de responder corretamente, descreveu com perfeição os sentimentos de um torcedor apaixonado após um revés. Ponto com louvor.


10 – Qual é o nome do presidente do palmeiras?
É o Belluzzo! Luiz Gonzaga Belluzzo, né?

Comentário: Questão muito simples. Palmeirense que não sabe quem é Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo deve ser corintiano. Ponto.


11- Suposição. Se tivesse uma pessoa doente no hospital e na mesma hora um jogo do palmeiras. Você iria ao estádio?
Não, aí acho que não. É uma questão de bom senso, né. Mas se pudesse ver um jogo no hospital!...

Comentário: Resposta perfeita de Leão Lobo. Esta é uma pegadinha para o famoso que quer impressionar e responde que vai ao jogo a qualquer custo. Um clube de respeito não desejará jamais que um torcedor seu abandone um ente querido em um momento importante. Isto, até, desonraria, no caso, o Palmeiras. Pontíssimo para Leão.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

6 - Sete quilômetros e meio com Leão Lobo

A entrevista em mp3

Muita gente pensa que, por este ser um blog sobre futebol, só os boleiros podem ler. Esta nova série, de entrevistas com famosos aleatórios, mostrará que, assim como não é preciso conhecer futebol para falar dele, não é preciso entender de futebol para ler sobre ele. O Leão Lobo é uma prova disso.

Quando disse para ele o assunto desta entrevista, ele se empolgou a ponto de exibir aquela risadinha exclusiva para os melhores boatos – “Boatos, não. Histórias, mesmo!” Mas ele me alertou. Disse que não entende nada sobre o assunto. “Mas Leão, é por isso mesmo que quero entrevistá-lo!”.

Cheguei na Record no horário combinado. 11 horas da manhã. Mas era dia de gravação, e ele só pôde me atender 20 minutos depois. O atraso não me atrapalharia, mas havia outros dois jornalistas que teriam que dividir a entrevista comigo. Se já é complicado realizar uma boa entrevista com um leigo, eu estaria lascado se tivesse que dividi-lo. Leão avisou que teríamos que entrevistá-lo no carro, pois teria que seguir a uma produtora. Melhor para mim: os outros dois jornalistas estavam de carro, e não poderiam apanhar a carona.

Saindo da Record, Leão tomava a iniciativa de cumprimentar a todos que encontrava – fosse gente conhecida ou não. Isto não servia somente para aqueles que percebiam a presença de Leão e tinham vergonha ou receio de cumprimentá-lo. Servia principalmente para Leão não passar despercebido por aqueles que, por qualquer problema na visão, não o tivessem notado.

Entramos no carro preto, espaçoso, confortável e luxuoso que o estava esperando, e foi Leão quem abriu a porta para mim. O ar-condicionado convinha, pois fazia mais de 30 graus. E assim que me sentei no banco de trás e Leão no passageiro da frente, fui apresentado a Márcio, o motorista. Ele fez o favor de baixar o rádio, sintonizado em alguma dessas rádios chiques. E começou a entrevista que durou sete quilômetros e meio: da Record, na Barra Funda, até a Alameda Santos, na altura do Itaú Cultural, na Vila Mariana.

Leão mostrou uma surpreendente desenvoltura para falar sobre futebol. Ele revelou alguns conhecimentos pouco óbvios, como saber que Zetti já foi jogador do Palmeiras, e assumiu publicamente que detesta o Kaká. Isso, porém, não é tão surpreendente assim para quem já assumiu que é gay. Mas tudo, tudo o que Leão diz resvala sempre em algum famoso, alguma celebridade. A sensação é a de que, para ele, qualquer história, por mais banal que seja, ganha um brilho inesperado quando toca, mesmo que minimamente, alguma celebridade.

Vamos à entrevista.

Eu não sou Mané, Garrincha!: Como começou a torcer pelo Palmeiras?

Leão Lobo: Eu torço para o Palmeiras porque meu avô é italiano. Ele era da Calábria, aí ele era palestrino. Então influenciou muito a minha irmã, que era apaixonada pelo meu avô. Aí ela virou palestrina, também. E eu, apaixonado pela minha irmã, também. Quer dizer, era o time da minha irmã, então devia ser bom. Aí me apaixonei, comecei a acompanhar as histórias. Tinha aquele pintadinho, o Ademir da guia. Tive uma boa época de Palmeiras!

Mané: Hoje em dia você ainda se importa?

Leão: Ah, me importo. Acho que mais hoje do que naquela época. Talvez até porque o futebol tenha ficado cada vez mais importante na vida das pessoas. Torço muito e tal. Participo. Às vezes eu tenho uma sensação de que é tudo armado. Como escrevo sobre artistas, celebridades. Às vezes eu vejo que tudo é armado. De repente o cara deixa fotografar a festa do filho, e depois reclama que tinha alguém que invadiu a sua festa. Na verdade você vê que a foto que foi feita não era uma foto amadora, foi uma foto produzida. Então era mentira que invadiram e publicaram sem autorização. É tudo armado e tal. Aí você começa a desconfiar se os jogos não são armados. E você começa a ouvir essa história de mala, que deram mala pro jogador para vencer tal jogo contra outro time... Acho que isso tira completamente a graça. Se for armado, não tem por que a gente torcer. A vida perde o sentido com a mentira!

Mané: Já foi ao Palestra?

Leão: Já. Eu gosto muito. Já fui até sócio. Agora não sou sócio, mas já fui sócio do palmeiras.

Mané: Então você é gay e torce pelo Palmeiras. Como é essa história de que só são-paulino que é gay?

Leão: É histórico que os são-paulinos passavam pós de arroz no rosto, como os tricolores do rio. Por um acaso, é uma coincidência. Porque tinha jogadores negros e não podiam ter jogadores negros. Era um preconceito que gerou outro preconceito. Eles passavam pó no rosto para entrar, né? Por isso eles passavam pó de arroz. Isso é uma grande bobagem, também. Não é por aí, né?

Mané: Há algum tempo, um dirigente do Palmeiras insinuou a homossexualidade de Richarlyson, e sofreu uma queixa-crime. O que você pensa disso?

Leão: Não estou falando do Richarlyson. Mas eu acho que as pessoas têm todo o direito de ficar no armário. Agora, eu acho um desserviço para alguém que for homossexual e que não assume por causa do futebol, por causa do dirigente, por causa do time. Assim como artistas, galãs de novela, apresentadores, não assumem. Eu acho que é igualmente ruim pra eles. A pessoa só está fazendo mal para si mesma. Está deixando de viver por causa da profissão. Deixando de viver. Deixando de ser um pouco mais feliz do que poderia ser se fosse mais livre. Por causa dos outros. Eu já fui até acusado de ficar querendo que todo mundo seja gay. Não. Eu quero que as pessoas sejam felizes. Eu fico triste quando descubro que alguém vai fazer uma novela e a emissora não deixa ele assumir, porque está num estágio da carreira que não pode. Que o patrão fez um acordo com ele, para ele nunca revelar que é gay. Então o cara casa, tem filhos, ele se faz infeliz, faz outras pessoas infelizes. Eu acho uma grande bobagem, um grande desserviço. Estamos no século 21 e não temos mais tempo para brincar disso. É uma coisa imbecil.

Mané: Se você fosse jogador, assumiria que é gay?

Leão: Eu falaria, porque eu falei num campo que é difícil, que é a TV. Acho que eu sou o único que assumiu. Nem o Clodovil assumiu publicamente. Ele fazia aquela mise em scène toda, mas não assumia. Mas não precisava, né? Assim como eu talvez nem precisasse, mas eu assumi numa boa. Fui o primeiro no Brasil e acho que continuaria assumindo. Enfim, acho uma grande bobagem.

Mané: Há outros jogadores que você saiba que são gays?

Leão: Muitos, muitos. Técnicos também, né? Inclusive técnicos pedófilos. Agora, não estou aqui para ficar entregando ninguém. É da consciência e responsabilidade de cada um, né? Eu já tive contato com jogador por causa do programa de TV. Eles são celebridades. Eles fazem parte da minha preocupação, também. Eu não estou preocupado. Para mim interessa o que ele joga em campo. Que ele seja feliz! Acho que o cara joga melhor quando é mais livre, mais feliz.

Mané: O que você acha do outro Leão – o técnico?

Leão: Arrogante.

Mané: E do Dunga?

Leão: O dunga é um batalhador. Eu acho que é um cara que é estrategista. Só de ele ser uma pessoa que segue o Felipe Scolari, que eu amo, já acho que ele é legal.

Mané: Você gosta do Felipão porque ele era do Palmeiras?

Leão: Porque era do Palmeiras, e porque já o conheci pessoalmente. Acho um caráter maravilhoso. Como eu achava aquele professor que morreu. Que eu não vou me lembrar o nome. Se você falar, até me lembro.

Mané: O Telê?

Leão: Telê Santana, né. Que eu achava uma pessoa seriíssima, e tive muito respeito por ele. Embora ele nunca tenha sido do palmeiras, não me lembro.

Mané: O Telê já foi. Umas duas vezes, eu acho. (Telê treinou o Palmeiras em 1979, com muito sucesso, embora sem título algum. Depois, em 1996, chegou a assinar contrato com o Palmeiras, mas problemas de saúde o impediram de assumir.)

Leão: Chegou a ser, né? Eu gostava dele, achava ele bacana e tal.

Mané: E do Muricy?

Leão: Eu gosto do Muricy. Acho que ele pressiona muito os jogadores, às vezes. Isso eu via no São Paulo e vejo agora no palmeiras. Como ele pressiona demais, acho que às vezes o rendimento cai de medo. Porque ninguém funciona na base do medo. A impressão que me dá é que é desconfortável, que ele exige demais. Com algumas pessoas pode até funcionar isso, com outras acho que não.

Mané: Com você funcionaria?

Leão: Não, porque eu já me cobro demais. Então alguém que me cobre demais assim, não funciona. De jeito nenhum. Isso falo no meu trabalho, mas imagino que se estenderia para o futebol também.

Mané: Luxemburgo?

Leão: Eu acho ele muito exibido. Lembra um pouco o Leão, mas menos arrogante. Um pouco menos arrogante. Mas tão exibido quanto. Acho que ele quer aparecer mais que os jogadores. Claro que o treinador é importantíssimo, mas a estrela mesmo em campo é o jogador. Tem que ser o jogador.

Mané: E o Ronaldo no Corinthians?

Leão: Antes de qualquer coisa, o Ronaldo é uma estrela. Eu nem sei dizer se ele joga bem. Porque ele vai lá e faz. Ele tem uma estrela mesmo, né? Às vezes ele nem está jogando bem, e chuta certo. É um fenômeno mesmo, né? Geniozinho, assim.

Mané: Se estivesse passando uma partida de futebol ao mesmo tempo que uma novela. Qual você assistiria?

Leão: Eu fico entre os dois. Eu amo novela. Não é que eu ficaria. Eu fico.

Mané: Você conhece muitos boatos sobre jogadores de futebol?

Leão: Muitos. Boatos, não. Histórias, mesmo. E às vezes também alguns boatos. Eu tenho que selecionar. Conheço jogador que teve caso com ator. Jogadores que saíram com atrizes. Já teve uma história muito engraçada, que disseram que um jogador que ia casar com uma moça dessas ... De ocasião, né? Nem conto, que hoje ela tá casada com um cantor. Ela ligou para tirar satisfação, que eu tinha falado alguma coisa. Ele estava enrolando, porque ele ia embora do Brasil. Ela falou: “Fala aqui com ele”. Eu falei: “Pô! Você para de enrolar a moça, que você não vai casar!”. Tinha alguns dias pra terminar o contrato e ele ir embora do Brasil. E ele: “Pô, cara, não estraga a minha!”. Aí o telefone voltou para ela, e ela falou: ”A gente vai casar, sim!” É, realmente. Passou uma semana e ele foi embora do Brasil. Foi para a Espanha.

Mané: O que você acha de mulheres jogando futebol?

Leão: Acho interessante. Tem vários talentos, sim. Às vezes elas são melhores que os homens, inclusive. Às vezes acho o futebol feminino mais organizado. Sabe o que eu acho legal? A sensação que me dá é que elas trocam mais entre elas. É mais um time! Essa noção de time. Elas realmente têm essa coisa de “vamos prestar atenção na outra, vamos passar a bola uma para a outra”. Às vezes as jogadoras até não brilham tanto individualmente porque elas têm mais essa noção de equipe.

Mané: Que celebridades gostam muito de futebol?

Leão: Adriane Galisteu, minha amiga que sei que é palmeirense. O Chico Anysio eu sei que gosta muito. O Henri Castelli, que é apaixonado pelo futebol e pelo São Paulo. O Dan Stulbach, que até escreve de futebol.

Márcio, o motorista: O Lula!

Leão: Ah, o Lula! O presidente, claro. Que é corintiano e gosta de falar dessas coisas. Tudo ele compara com futebol. Aliás, acho acertadamente, porque é uma linguagem que é próxima do povo. Então acho bem legal.

Mané: De que jogadores você mais gosta?

Leão: Tem um jogador preferido pelo caráter, dignidade pelo que ensina em campo para as pessoas. É o Marcos. Eu tenho antipatia, não porque não é do meu time, que é pelo Rogério Ceni. Que é arrogante, tolo. Quer ensinar, mas não se ensina com arrogância. Acho que o Marcos ensina com humildade. Acho essa a grande diferença. Acho um grande goleiro. Pode ter problemas, mas é um grande profissional. Ele é muito fantástico. Outra pessoa - sem nenhum tipo de afetação nem nada, né? - era o Zetti, que era goleiro do Palmeiras, mas era uma pessoa incrível. Gosto do Denílson, com toda a malandragem, toda a safadeza dele. Acho incrível, porque acho divertido, alegre. Ele tem uma coisa assim, como figura mesmo, né? Ele é agradável e tal. Uma outra pessoa que eu gosto, que acho que ensinou muito o Brasil com toda a malandragem dele, é o Romário. Como grande jogador. (Outro que) adoro até pela alegria, teve uma fase ruim, mas está voltando aos bons tempos, é o Ronaldinho Gaúcho. DETESTO o Kaká. Acho um falso. Falso, mentiroso. Nada a ver com a religião dele. É que é tudo tão artificial em torno dele, que eu não acredito.

Então Márcio estaciona na Alameda Santos, o destino de Leão. Eu digo o endereço do blog, ele não entende direito e pede para mandar por e-mail. Despedimos-nos.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

5 - Times dos famosos

Hoje anuncio que este blog terá uma nova seção: Times dos famosos.

Ela surgiu de um péssimo hábito que tenho. Sou palmeirense, e sempre que vejo na televisão um famoso que também torça por meu time, digo para quem estiver perto: “Este é palmeirense! Este é!”. Ninguém gosta de ouvir, creio eu, porque ninguém sabe que famoso torce para seu time.

Então esta seção é para desvendar o único segredo das celebridades que nos interessa – a preferência clubística.

O mais interessante, porém, será que eu falarei com os famosos, e darei uma escala do fanatismo que ele nutre pelo time do coração. Porque de nada adiantaria o famoso torcer para um time passivamente. E teremos uma nota – que irá de 1 a 11. Eis os critérios:


1 – O famoso tem camisa do time? (1 ponto)

Creio que para uma pessoa comum, ter ou não ter a camisa do time do coração em nada influi em seu fanatismo. Porque não é todo mundo que pode pagar os preços exorbitantes que as marcas cobram para podermos tornar visível o que há dentro da gente. Porém, sabemos que as pessoas famosas são ricas. Então, para elas, ter a camisa de R$150,00 é somente uma opção.


2 – Ele usa o manto no dia seguinte a uma derrota? (1 ponto)

Torcer para um time não traz somente alegrias. Muito pelo contrário! O fanático sabe que escolher um time é, antes de tudo, ter algo por que sofrer. Se o time trará alegrias ou não – ou seja, se a equipe retribuirá o amor com glórias -, é um mero detalhe. Além do mais, vestir o manto pode ser somente uma tendência da moda. Pior: aquele que veste o manto de um time vencedor pode estar somente tirando proveito das vitórias conquistadas. Então, vestir a camisa do time derrotado trará um ponto extra à nossa celebridade.


3 – Ele se lembra de uma escalação do século passado? (1 ponto, sendo que haverá o acréscimo de um ponto a cada década que se passa. Outro ponto extra se o famoso disser uma escalação completa que seja anterior a seu nascimento.)

Saber valorizar aqueles que fizeram a história de um clube é um ponto de caráter que deve ser altamente valorizado. Aliás, é dever de todo torcedor exemplar lembrar sempre – mesmo que fora de contexto – os jogadores históricos e esquecidos.


4 – Ele freqüenta o estádio? (1 ponto. 1 ponto extra àquele que vai às partidas fora de casa)

Quem freqüenta este espaço sabe que há uma indiscutível e enorme diferença entre o futebol e a transmissão dele. E o futebol puro e real é aquele do estádio. A transmissão dele é coisa para freiras ou anticéticos.


5 – Quanto foi o último jogo do time? (1 ponto)

Não adianta torcer para o time e não acompanhá-lo. Esta questão vem muito a calhar porque mostra se o famoso se relaciona cotidianamente com o time do coração.


6 – Ele costuma dizer que é torcedor do time? (1 ponto)

Para torcer realmente para uma equipe é preciso exibir o amor que nutre por ela. Assim como a pessoa apaixonada gosta de falar a todos, sem o menor contexto, o nome da pessoa amada, o torcedor convicto fala do time sempre, à toa.


7 – Torce para o time desde criança? (1 ponto. Caso contrário, perde 1 ponto por década perdida)

Sabemos o quão artificial é o torcedor que escolheu o time após a tenra infância. Ele perdeu momentos importantes para o desenvolvimento de uma paixão. Não há, na recordação dele, aqueles jogos surreais floreados pela imaginação distante, como só alguém que torce para o time desde criança é capaz de ter. Torcer para um time depois de velho é como começar a fumar aos 30, perder a virgindade aos 40, ou usar chupeta aos 50.


8 – Torce contra o rival? (1 ponto)

Torcer para um time não é só torcer para o próprio time. Cerca de 49% de uma paixão clubística se dá pela torcida que se tem contra o rival. Secação, mesmo. Quem não torce contra o rival certamente não torce para o próprio clube como deveria.


9 – Se o time perde, fica mal humorado? (1 ponto)

Há torcedores que se vangloriam de manter o humor intacto após o maior dos revezes do próprio time. Ora, só é possível sentir uma grande alegria futebolística após uma grande tristeza! Por isso é preciso tratar bem e valorizar o mal humor após as derrotas. Eles dignificam a alegria gratuita da vitória.


As questões restantes (10 e 11) são específicas para cada clube ou famoso. Presidente do time, maior artilheiro, jogos memoráveis... Ou então questões específicas que caracterizam uma verdadeira paixão por um clube. Estas perguntas também valerão um ponto.

Ao fim, teremos um coeficiente, que classificará a celebridade entre os tipos de torcedor:

De 0 a 3 pontos – torcedor passivo. Ele só diz que tem um time quando é perguntado porque todo brasileiro precisa de um.

De 4 a 7 pontos – torcedor mediano. Este torcedor conhece pontos importantes de seu time, mas não vai a fundo. Ele pensa em outras coisas durante o dia, como em alimentação, sexo e família.

De 8 a 10 pontos – torcedor fanático.
Ele não espera que o time vá até ele. É ele que vai até o time. Ele sabe se colocar abaixo da equipe de coração, e amá-lá acima de todas as coisas. Porém, por limitações pessoais – ou preguiça mesmo – não tem o conhecimento enciclopédico necessário para ser um xiita.

11 pontos – torcedor xiita. Este torcedor vê o time acima de Deus. É aquele que sabe que o verdadeiro orgasmo é o gol. Aliás, uma relação sexual, para ele, está muito abaixo de uma partida de futebol.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

4 - Gritos de torcida – Flamengo, “O time do São Paulo só tem veado”

Eu não sei por quê, mas o São Paulo tem a fama de ser um time de homossexuais. E ela - a fama - aumentou quando o São Paulo contratou o Richarlyson.

O Ricky nunca admitiu, mas todos sabem que ele é gay. Ou talvez seja melhor não falar isso, porque uma vez um dirigente palmeirense insinuou a homossexualidade de Richarlyson e recebeu um processo por isso. Eis aí uma coisa importante: o Richarlyson acha que isto é uma ofensa, para ser motivo de processo?

E as torcidas? Elas preferem um volante ruim e heterossexual do que um bom que seja gay? A torcida do São Paulo prefere o heterossexual ruim. É por isso que ela não grita o nome do Richarlyson, mas exalta o Jean, por exemplo. Vai entender.

Se a torcida do São Paulo cala o nome do Richarlyson, a torcida do Flamengo tem até grito de guerra com o nome dele. Mas não pense que os flamenguistas são menos homofóbicos por isso.

Em 2007 o São Paulo era líder e jogava contra o Flamengo no Maracanã. Cinquenta e nove mil e nove pessoas foram ao estádio e cantaram:

"O time do São Paulo só tem veado,
E o Aloísio come o Richarlyson."



Não sei o que pode ser mais assustador do que cinquenta e nove mil e nove pessoas entoando um grito homofóbico. Talvez sessenta mil e seis japoneses fazendo polichinelo. Ou então sessenta e um mil e um chineses tomando água quente no verão. Sei lá. Assim, é claro que o Flamengo ganhou: 1 a 0, gol de Ibson.

Mas o Aloísio saiu do São Paulo no começo do ano passado, e quando o Flamengo recebeu o time paulista, aquele grito não faria mais sentido, por isso não houve insultos. Deu São Paulo: 3 a 2.

Porém, neste ano, 2009, eles mudaram a letra do grito. Substituíram Aloísio por Dagoberto.

"O time do São Paulo só tem veado,
E o Dagoberto come o Richarlyson."



Aí é claro que o Flamengo ganhou novamente: 2 a 1, com um gol espetacular de pênalti do Pet.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

3 - O torcedor da Portuguesa

Você percebe que seu time está se apequenando quando, ao dizer que torce por ele, a pessoa pergunta por quê.

Sabemos que torcer por um time nada tem a ver com critérios objetivos. Meu irmão torce pelo São Paulo por causa do meu avô materno. Eu torço para o Palmeiras por causa do meu pai, que torce pelo Palmeiras a despeito do meu avô paterno, o pai dele, torcer pela Portuguesa. Este meu avô torce para a Portuguesa porque é português. O irmão dele, o Jaime, torce pelo São Paulo, apesar de já ter sido dirigente da Portuguesa e também ser português. O Jaime é casado com uma mulher que é palmeirense, que torce pelo Palmeiras porque gosta de verde, e o nome dela é, acredite, Rosa.

Mas eu vou falar do Paulo, uma pessoa que, assim como meu avô paterno, torce pela Portuguesa. Ele não tem motivo nenhum para isso. O pai dele é assexuado: não torce para time nenhum. A mãe é uma corintiana passiva, por causa dos irmãos. E o Paulo adotou a portuguesa.

Desculpe interromper, mas há duas formas de se torcer para um time. A primeira é biológica, quando escolhemos o time de nossos pais ou avós. O gene do time pode repetir a geração, quando repetimos o do pai; ou pode pular uma geração, quando torcemos pelo do avô. Pode ser que ele pule várias gerações. É o caso de quando torcemos pelo time daquele nosso parente distante.

Mas podemos também adotar um time. É quando não há nada nem ninguém que nos leve a torcer por um time, e mesmo assim o escolhemos. E não pense que é por ele ser melhor, mais competitivo ou atraente. Escolhemos por compaixão. Aliás, podemos até escolhê-lo por ele ser o melhor e mais atraente. Mas é como amar uma mulher que é só bonita: E daí? A adoção mais digna é aquela de quando não se olha para qualidades. As qualidades ou defeitos se tornam apenas características daquilo que a gente gosta, daquilo que a gente ama. É assim que Paulo escolheu a portuguesa.

Quando o conheci, ele me contou logo que torce pela Portuguesa. Eu, como quem não tem medo, perguntei o por quê dessa opção. Ele não entendeu:

- Como, por quê?

Eu percebi neste momento que a minha pergunta foi tão estúpida como se perguntasse a uma mulher por que ela adotou justamente a criança mais feia, ou a que estava doente. É verdade: assim como o amor entre duas pessoas feias pode ser muito mais bonito, a relação de um torcedor com um time ruim também é muito mais bela.

Não que a Portuguesa seja ruim. Que isso.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

2 - Gritos de torcida - Botafogo, "E ninguém cala esse nosso amor"

Sábado eu andava pela avenida Presidente Wilson, quando um sujeito conhecido parou-me na rua:

- Olá, André! Me diga uma coisa. Seu pai é juiz?

- Não, não, por quê?

- Ah... E seu tio? Seu tio é juiz, né?

- Não!

- Então seu avô só pode ser juiz!

- Não conheço nenhum juiz, meu Deus!

- Então por que você só fala de juiz no seu blog?!

Poxa vida. Eu expliquei que não tinha nenhuma predileção pelo tema. Acontece que nos últimos dias estava fazendo uma matéria sobre juízes para uma revista. Coletei várias histórias, e algumas delas não possuem identificação de ninguém, e teriam que ser descartadas. Ora, justo as melhores! Para não descartá-las, resolvi publicá-las aqui no blog.

Mas agora ninguém aguenta mais falar sobre juízes. Ainda bem, porque eu não tenho nada mais para falar sobre isso.

Hoje eu iniciarei um tema novo. Colocarei aqui gritos de torcida do Brasil e, por que não?, do mundo. Não seguirei nenhum critério específico. Pode ser que tenhamos, por coincidência, vários gritos da torcida do Palmeiras, enquanto o Corinthians fique à margem por várias semanas. Isto será, repito, coincidência. Porque não quero seguir uma ordem. A única ordem será artística. E o que um leitor de futebol tem a falar sobre arte?! Hein?!



Começaremos com um grito muito bonito da torcida do Botafogo. Nada mais justo, porque este blog usa o nome do Garrincha no título, e até agora o time mais azarado do Brasil não foi sequer citado neste espaço! Aliás, a injustiça com o Botafogo é maior ainda, porque com a ajuda do Photoshop, tirei o símbolo do Botafogo que estava na foto do mané que eu utilizei para o template ali em cima.

A letra não é extensa. Na verdade, são somente três versos. Creio que esta é a melhor fórmula para um bom grito: poucos versos. Porque para a massa cantar em uníssono enquanto assiste a uma partida, a letra tem que conter somente o essencial. Senão o grito dispersa. Ou então o time adversário tira proveito daqueles que se preocupam mais em cantar do que em zicar!

O grito começa sem letra, como se fosse comum. Mas o resultado é muito bonito e peculiar. Depois, há a seguinte letra, no mesmo ritmo que até então era só cantado:

"E ninguém cala esse nosso amor,
E é por isso que eu canto assim,
É por ti, Fogo."

Vejam o vídeo:



Alguém duvida que se o Botafogo cair para a segunda divisão, o slogan da volta à série A será "Ninguém cala esse nosso amor"?

Mas a vida do botafoguense é muito mais complicada do que a minha e do que a sua. Assim como a torcida do Flamengo é muito mais criativa do que a minha e do que a sua. Após a eliminação do Botafogo do campeonato carioca do ano passado, quando o presidente e o time inteiro do Botafogo vieram a público reclamar da arbitragem, os rubro negros começaram a cantar em seus próprios jogos:

"E ninguém cala esse xororô,
Chora o presidente, chora o time todo,
Chora o torcedor!"

Assim:

terça-feira, 3 de novembro de 2009

1 - O juiz adúltero

Essa história é verídica, assim como todas as outras deste blog. Eu só não digo o nome das pessoas envolvidas porque não sei.

Foi o Vagner Tardelli que me contou.

Diz ele que um juiz quis se exibir para a nova namoradinha, e a levou para vê-lo apitar um jogo importante. Tudo bem que haveria outras formas para ele se exibir, mas qual é a gatinha que não ficaria gamada ao ver o namorado mandando naqueles que ela só assiste pela TV?

Para se mostrar, o árbitro foi rigoroso como nunca. E a moça ficou chocada. Como aquele homem que passa de cabeça baixa até do lado de um mendigo pode ser tão soberbo e confiante quando se veste de preto e tem um apito não mão?! Neste dia ele deu amarelo até para o jogador que lhe pedia desculpas. O prazer que o atacante sente ao marcar o gol foi o mesmo que ele experimentou a cada expulsão, e conheceu um sadismo que até então lhe era ignorado. Posso dizer que se os bandeirinhas não tomassem cuidado, haveria neste dia a inédita expulsão de um auxiliar!

Mas tanto rigor não poderia passar incólume. Para piorar a situação, houve empate, para ninguém sair satisfeito. A torcida revoltou-se, assim como os jogadores e técnicos. O nosso árbitro só conseguiu sair de campo com a ajuda da polícia, porque a confusão era, desculpe, generalizada – mas mesmo assim tomou uns justos safanões.

A imprensa, no afã de conseguir as melhores declarações e os mais diferentes pontos de vista, entrevistaram a nova namorada do árbitro, que eles não sabiam que era a culpada de tudo isso. E ela assim se apresentou, oras: a namorada do juiz.

Como eu já disse trocentas vezes, a vida de juiz não é fácil. Se fosse, não seria juiz e não se vestiria de preto. A moça não era uma simples namorada. Não. Era amante. Nosso juiz era casado, e a esposa também o assistia, mas pela TV, em casa. E assim ela viu a moça, mais nova e mais bonita do que ela, dar declarações para a imprensa apresentada como a namorada do juiz.

A esposa terminou o casamento, como todos aqueles que amam e resolvem pelo divórcio como a derradeira prova de amor.

Eu disse que não revelo os nomes dos juízes das histórias deste blog porque não sei. Mas o desta história é por um motivo especial. Não por acaso, a pessoa que me contou esta história também é juiz. Ela sabe dos perigos e das adversidades desta profissão. Por isso disse: "Não conto com quem aconteceu esta história porque senão ele perde a mulher com quem está casado agora!".

Está bem.